Otan realizará exercício aéreo inédito sobre a Europa para mostrar força à Rússia

Invasão da Ucrânia pelas forças russas levou a aliança a se preparar de forma mais intensa para a possibilidade de um ataque

A Alemanha irá sediar a partir da semana que vem o maior exercício aéreo da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) até o momento. O objetivo é simular um ataque a um Estado-Membro da aliança militar e demonstrar força tanto para aliados quanto para possíveis adversários, como a Rússia. As informações são da agência Associated Press.

Chamado de Air Defender 23, o exercício terá a participação de dez mil pessoas e 250 aeronaves de 25 nações. Os Estados Unidos contribuirão com dois mil membros da Guarda Aérea Nacional e cerca de cem aeronaves durante as manobras, que ocorrerão de 12 a 23 de junho.

“Este é um exercício que seria absolutamente impressionante para quem está assistindo, e não obrigamos ninguém a assistir”, disse a embaixadora dos EUA na Alemanha, Amy Gutmann.

Coletiva sobre o Air Defender 23, realizada na quarta-feira em Berlim (Foto: U.S. Embassy & Consulates in Germany/Twitter)

Amy afirmou que o exercício demonstrará claramente a agilidade e rapidez da força aliada da Otan como uma resposta imediata. Ela enfatizou que seria surpreendente se algum líder mundial não percebesse o significado desse evento em termos do espírito e da força dessa aliança.

“E isso inclui o Sr. Putin”, acrescentou ela, endereçando um recado ao presidente russo, Vladimir Putin.

O exercício foi planejado por vários anos, mas a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 levou a Otan a intensificar seus preparativos para a possibilidade de um ataque em seu território. Além disso, a Suécia, que busca aderir à aliança, e o Japão também participarão das manobras.

O tenente-general Ingo Gerhartz, da força aérea alemã, que está coordenando o exercício, afirmou que a demonstração visa mostrar que o território da Otan é uma linha vermelha e que os países estão preparados para defender cada centímetro desse território. No entanto, ele ressaltou que o exercício não envolverá voos em direção a Kaliningrado – enclave russo localizado no Mar Báltico entre a Polônia e a Lituânia –, enfatizando que a intenção é “puramente defensiva”.

O tenente-general Michael Loh, diretor da Guarda Aérea Nacional dos EUA, enfatizou que o exercício vai além da dissuasão. Ele destacou que o objetivo é demonstrar a prontidão da força aliada, ressaltando a importância da coordenação não apenas dentro da Otan, mas também com “outros aliados e parceiros fora da organização”.

Loh afirmou que o exercício proporcionará uma oportunidade para os aviadores americanos mais jovens, que adquiriram experiência principalmente no Oriente Médio, construírem relacionamentos com aliados na Europa e se prepararem para um cenário militar distinto. Ele destacou a importância de entender o que significa enfrentar uma grande potência em uma competição de poder significativa.

Autoridades informaram que o exercício resultará em algumas interrupções nos voos civis na Europa durante o período.

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