Apoio público à guerra na Ucrânia está em queda na Rússia, segundo a inteligência britânica

Popularidade da campanha militar do Kremlin está caindo significativamente em casa, disseram autoridades ocidentais com base em vazamento de pesquisa governamental

Em seu mais recente boletim de inteligência, divulgado no domingo (4), o Ministério da Defesa do Reino Unido revelou o vazamento de uma pesquisa de opinião pública feita pelo Kremlin, o qual aponta sinais de que a popularidade na Rússia à sua chamada “operação especial militar” na Ucrânia está “caindo significativamente”. As informações são da rede Voice of America (VOA).

De acordo com o órgão governamental britânico, a informação partiu do Meduza, um site de notícias independente russo, que disse ter acessado dados coletados pela FSB (Agência de Segurança Federal, herdeira da KGB). A consulta indica que 55% dos russos são a favor de negociações de paz com Kiev, enquanto 25% são favoráveis à continuação do conflito. Levantamento anterior, feito em abril de 2022, chegou a apontar que cerca de 80% dos russos apoiavam a incursão ao país vizinho.

Em nota, o ministério diz que “com a improvável possibilidade de a Rússia alcançar grandes sucessos no campo de batalha nos próximos meses, manter a aprovação tácita da guerra entre a população provavelmente será cada vez mais difícil para o Kremlin”.

Protesto antiguerra na Rússia (Foto: WikiCommons)

A queda no apoio público segue desaprovação generalizada dos apelos do presidente Vladimir Putin  para mobilização e o recrutamento forçado de centenas de milhares de homens russos para as linhas de frente.

Segundo o jornal Kyiv Post, na semana passada, Putin tentou contornar a impopularidade da guerra, e reuniu-se com esposas e mães dos soldados russos. No encontro, que ocorreu em sua residência oficial, Novo-Ogaryovo, nos arredores de Moscou, pediu a elas para que não acreditassem em “mentiras” sobre a invasão.

“Quero que saibam que eu, pessoalmente, compartilho dessa dor”, disse ele. “Sabemos que nada pode substituir a perda de um filho”.

Kherson segue sob ataque

Enquanto isso, a Rússia retomou o bombardeio da cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, de onde as tropas do Kremlin se retiraram há poucas semanas. O principal alvo das ofensivas tem sido a infraestrutura essencial, incluindo usinas elétricas e térmicas e centrais de água e esgoto, tem sido alvo de bombardeios russos desde o início da guerra, no dia 24 de fevereiro, colocando em risco o fornecimento de energia, água potável e aquecimento. Autoridades ucranianas alertam para um inverno difícil.

“Os invasores russos bombardearam Kherson, deixando redes elétricas danificadas. A cidade ficou sem eletricidade novamente”, disse o governador regional Yaroslav Yanushevych através do aplicativo de mensagens Telegram. A autoridade acrescentou que técnicos já trabalhando para restaurar a energia da cidade.

Moscou e Washington declararam nesta semana que estão abertos a negociações, embora o presidente dos EUA, Joe Biden, tenha dito que só abriria diálogo com seu homônimo russo se ele demonstrasse verdadeiro interesse em acabar com a guerra.

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