Após aval da Turquia, Suécia se recusa a negociar com a Hungria para enfim ingressar na Otan

Processo de aprovação durou quase dois anos, período no qual Estocolmo precisou atender a uma série de exigências turcas

O parlamento da Turquia aprovou na terça-feira (23) a proposta da Suécia para ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), derrubando assim o penúltimo e mais difícil obstáculo para o país ser formalmente aceito na aliança. Entretanto, ainda falta o aval da Hungria, mas Estocolmo já avisou que não pretende negociar com o presidente Viktor Orbán. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

O processo de aprovação durou quase dois anos, período no qual a Suécia precisou atender a uma série de exigências do governo turco. O principal argumento de Ancara era o de que o país escandinavo dá abrigo a “terroristas”, referindo-se à presença em território sueco de militantes de organizações curdas classificadas pela Turquia como extremistas.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, recebe cartas oficiais de pedido de adesão à Aliança de Klaus Korhonen, embaixador da Finlândia, e Axel Wernhoff, embaixador da Suécia (Foto: Otan/Flickr)

Gradativamente, porém, a Suécia flexibilizou suas leis, deportando uma liderança curda, retirando um embargo de armas imposto à Turquia e apertando o cerco contra membros de um grupo acusado de tentar um golpe de Estado contra o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

A Hungria foi outro o país que evitou dar o “sim” à candidatura sueca, mas a motivação nunca ficou clara. Por isso Estocolmo recusou um convite de Orbán para uma reunião na qual seria debatida a “futura cooperação no campo da segurança e defesa como aliados e parceiros”, segundo a agência Associated Press (AP).

Porém, a posição sueca nesse caso ficou clara na terça. “Não vejo razão para negociar neste momento”, disse o ministro das Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billstrom, justificando que em momento algum foi apresentada qualquer condição por parte do governo húngaro.

Nos últimos meses, o único argumento do líder húngaro para postergar o aval foi o de que a Suécia vinha difundindo “mentiras descaradas” sobre a democracia húngara. Ainda assim, existe a expectativa de que o parlamento local debata a questão na sessão marcada para 26 de fevereiro.

Em vez de se focar na questão da Hungria, o primeiro-ministro Ulf Kristersson usou a rede social X, antigo Twitter, para celebrar o avanço no caso da Turquia, que agora precisa apenas publicar a decisão do parlamento no Diário Oficial para formalizar a aceitação.

“Hoje estamos um passo mais perto de nos tornarmos membros de pleno direito da Otan. É positivo que a Grande Assembleia Geral da Turquia tenha votado a favor da adesão da Suécia à Otan”, disse ele.

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