A Rússia já começou o julgamento ao político de oposição Alexei Navalny nesta segunda-feira (18). Conforme o portal independente russo MediaZona, o Tribunal de Khimk iniciou a sessão às 12h50 locais – 6h50 no horário de Brasília.
Navalny foi detido pela polícia russa assim que chegou ao país, neste domingo (17), após cinco meses de recuperação na Alemanha. O opositor foi vítima de uma tentativa de envenenamento por novichok em 20 de agosto, quando retornava da Sibéria.
Em um vídeo divulgado por sua porta-voz, Kira Yarmysh, Navalny relata confusão e pressa para validar sua prisão. “Não entendo o que está acontecendo”, disse. O político relata ter passado a noite na prisão antes de deixar a cela para se encontrar com advogados.
“Por que essa sessão está sendo realizada? Ninguém foi notificado, nenhuma intimação foi dada”, afirmou Navalny em vídeo. “A resposta é simples. Eles têm tanto medo do ridículo que simplesmente rasgaram o Código Penal”.
O Ministério de Assuntos Internos da Rússia está reunido para discutir a prisão preventina de Navalny por 30 dias. Nenhum jornalista foi autorizado a acompanhar a decisão.
O julgamento de Navalny estava previsto para 29 de janeiro, mas pode ter sido adiantado após países pressionarem pela soltura imediata do opositor de Putin. Chanceleres da Alemanha, Grã-Bretanha, França e Itália já pediram a libertação do russo.
A Lituânia e República Tcheca pediram à UE (União Europeia) a impor novas sanções a Moscou, informou a Reuters. Nos EUA, o assessor de Joe Biden, Jake Sullivan, e o secretário de Estado Mike Pompeo demonstraram preocupação com a detenção.
De acordo com a agência russa Tass, Navalny está sob custódia devido a uma condenação do Tribunal de Zamoskvoretsky, em dezembro de 2014, por fraude e lavagem de dinheiro. O político, que já foi detido diversas vezes por desafiar o Kremlin, nega as acusações.
Consequências internacionais
Nesta segunda (18), a presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, condenou a detenção de Navalny e exigiu sua libertação imediata. “A detenção de oponentes políticos é contra os compromissos internacionais da Rússia”, disse.
Ao rejeitar os pedidos, a Rússia pediu que o Ocidente cuide de seus próprios negócios. “Não invada a legislação nacional de Estados soberanos e trate dos problemas em seu próprio país”, escreveu a porta-voz do Kremlin Maria Zakharova no Facebook.
Além das sanções demandadas à UE, o caso de Navalny pode desencadear outras represálias à Rússia. A maior visibilidade recai sobre o projeto do mega gasoduto Nord Stream 2.
A obra de US$ 11,6 bilhões entre Rússia e Alemanha deve ser concluída em breve, apesar dos riscos de interferência. O chanceler russo, Sergei Lavrov, descartou a possibilidade de uma nova paralisação. Segundo ele, as sanções não passam de uma “tentativa para desviar a atenção dos problemas do Ocidente”.