Áustria revela campanha de desinformação russa para sabotar apoio à Ucrânia

Operação comandada por espiã búlgara visava disseminar mensagens falsas e manipular a opinião pública em países de língua alemã

As autoridades austríacas revelaram na segunda-feira (24) a existência de uma ampla campanha de desinformação orquestrada pela Rússia com o objetivo de minar o apoio à Ucrânia em países de língua alemã, especialmente na Áustria. A operação foi desvendada após a prisão, em dezembro, de uma mulher búlgara acusada de espionagem para Moscou. As informações são da agência Associated Press (AP).

De acordo com o Ministério do Interior da Áustria, a investigação teve início quando dispositivos apreendidos na casa da suspeita foram analisados pela agência de inteligência doméstica do país. A análise revelou que, algumas semanas após a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, uma célula ligada aos serviços de inteligência russos foi criada com a missão de implementar uma campanha massiva de desinformação.

O grupo agia principalmente na internet, mas também utilizava adesivos e pichações contendo símbolos de extrema direita e declarações nacionalistas, tentando fazer com que parecessem manifestações pró-Ucrânia. A ideia era criar um cenário que desacreditasse o apoio ucraniano e manipulasse a opinião pública na Áustria e em outros países da região.

Desinformação é arma russa para atingir objetivos (Foto: Pexels/Reprodução)

A suspeita búlgara, cujo nome não foi divulgado, desempenhou um papel essencial na operação, atuando como contato direto dos serviços de inteligência russos. Segundo as autoridades austríacas, ela admitiu ter colaborado com a célula, especialmente durante o ano de 2022.

Este caso é o mais recente de uma série de ações suspeitas relacionadas à espionagem russa na Áustria. Há um ano, o país enfrentou seu maior escândalo de espionagem em décadas, quando um ex-oficial da inteligência austríaca foi preso por fornecer dados confidenciais a Jan Marsalek, um fugitivo austríaco com ligações diretas com o FSB, a agência de inteligência russa.

Em fevereiro de 2024, o governo britânico também anunciou a prisão de um cidadão de nacionalidade búlgara acusado de espionagem para a Rússia. Depois dele, mais sete pessoas foram presas no Reino Unido por envolvimento no caso, sendo que duas búlgaras foram identificadas nesta semana pela rede BBC: Cvetelina Gencheva e Tsvetanka Doncheva.

A célula desmontada no Reino Unido era dirigida por Marsalek, sócio de uma provedora de serviços financeiros com crescimento repentino em meio a diversas denúncias de fraude. Negligências contábeis e um golpe de até US$ 2,3 bilhões fizeram com que a empresa pedisse insolvência em junho de 2020. Alvo de mandados de busca, ele estaria escondido em Moscou desde pelo menos 2021.

Tags: