Azerbaijão acusa França de desestabilizar o sul do Cáucaso ao apoiar separatistas

Ilham Aliyev acusou a Paris de estimular conflitos no Cáucaso ao fornecer armas à Armênia, tradicional rival do Azerbaijão, com quem teve dois conflitos armados

Nesta terça-feira (21), o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, afirmou que a França está desestabilizando a região do Sul do Cáucaso ao apoiar separatistas. As informações são da agência France24.

Em uma conferência internacional na capital, Baku, o líder afirmou que o apoio francês a “tendências separatistas” não apenas impacta suas antigas e atuais colônias, mas igualmente afeta o território entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, onde também estão situadas a Geórgia e a Armênia.

Aliyev afirmou que a França adota uma “política militarista” ao fornecer assistência militar à Armênia. Além disso, acusou Paris de encorajar “forças revanchistas” de Yerevan e de criar as condições para o início de novos conflitos na região do Sul do Cáucaso.

O presidente azeri também alegou que a França persiste em uma política de neocolonialismo, sendo responsável por “a maioria dos crimes sangrentos da história colonial da humanidade”.

Ilham Aliyev em 2020, na ocasião em que presidiu reunião do Conselho de Segurança (Foto: WikiCommons)

Continuando, ele destacou que a França deveria sentir “vergonha” por sua história colonial, marcada por crimes sangrentos, mas, em vez disso, fala sobre “limpeza étnica fictícia em outros países” em vez de reconhecer e se desculpar pelas atrocidades que cometeu.

Como lar de uma significativa diáspora armênia, a França é frequentemente alvo de críticas por Baku por supostamente abrigar um “viés pró-armênio” no conflito territorial entre os países do Cáucaso.

Na semana passada, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, afirmou que a “vontade política de Yerevan em assinar um acordo de paz com o Azerbaijão nos próximos meses permanece firme”. Por sua vez, Aliyev informou que o Azerbaijão recentemente apresentou suas propostas para um tratado de paz futuro com a Armênia e aguarda a resposta de Yerevan.

Em outubro, Aliyev recusou-se a participar das negociações com Pashinyan na Espanha, alegando preconceito francês. Emmanuel Macron, presidente francês, e Olaf Scholz, chanceler alemão, deveriam mediar as discussões com o chefe da União Europeia (UE), Charles Michel. Desde então, não houve avanço visível na retomada das negociações lideradas pela UE.

Azerbaijão x Armênia

As disputas entre o Azerbaijão e a Armênia centram-se principalmente em torno do conflito de Nagorno-Karabakh, uma região historicamente predominantemente armênia, mas que faz parte do Azerbaijão.

O apoio de Israel foi crucial para o sucesso da ofensiva militar do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh em setembro, permitindo a Baku expulsar os armênios étnicos e retomar o controle do enclave após mais de 30 anos.

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