Bélgica investiga interferência russa e suborno nas eleições da União Europeia

Moscou estaria atuando para influenciar no pleito e colocar no poder o maior número possível de candidatos com posição pró-Kremlin

A União Europeia (UE), realizará em junho suas eleições parlamentares, aguardadas com grande interesse também pela Rússia. A ponto de, segundo o governo da Bélgica, Moscou ter colocado sua máquina de desinformação para a trabalhar de forma a tentar influenciar o resultado, inclusive com casos de suborno. As informações são da agência Associated Press (AP).

Nesta sexta-feira (12), o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, afirmou que uma investigação será iniciada. “Os serviços de inteligência belgas confirmaram a existência de redes de interferência pró-Rússia com atividades em vários países europeus e também aqui na Bélgica”, disse ele, cujo país atualmente detém a presidência rotativa do bloco.

O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, junho de 2023 (Foto: Facebook oficial/divulgação)

Em março, Vera Jourova, vice-presidente da Comissão Europeia e encarregada do combate à desinformação, já havia alertado que a eleição parlamentar virá acompanhada de “manipulação oculta e interferência estrangeira, especialmente do lado do Kremlin”. Isso levou a UE a adotar medidas duras para combater e punir a desinformação, inclusive com multas para quem divulgar conteúdo falso.

O objetivo de Moscou com sua campanha de influência seria beneficiar os partidos nacionalistas com uma posição pró-Kremlin e difundir uma narrativa favorável à Rússia.

De Croo afirmou que a campanha russa inclui a oferta de dinheiro a membros do Parlamento Europeu para que ajudem a difundir propaganda. Segundo ele, tais “pagamentos em dinheiro não ocorreram na Bélgica, mas a interferência, sim.”

“Essas são preocupações sérias, e é por isso que tomei medidas. Não podemos permitir este tipo de ameaça russa entre nós. Precisamos agir, e precisamos agir tanto no âmbito nacional quanto no âmbito da UE”, disse ele.

Se bem-sucedida, a campanha do Kremlin ajudaria a minar o apoio que as nações do bloco oferecem à Ucrânia na guerra, situação que já vem sendo registrada. Ainda poderia comprometer o programa de sanções que foram impostas a Moscou, ao presidente Vladimir Putin e a seus aliados em virtude da invasão.

Representante russo na União Europeia

Dentro da UE, atualmente o principal aliado de Moscou é o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán. Também no mês passado, ele chegou a convocar seus eleitores para que “ocupem Bruxelas”, sede da UE, na eleição parlamentar, sob o argumento de “preservar a liberdade e a soberania da Hungria.”

A relação entre Orbán, que vem se fortalecendo como um dos principais porta-vozes da direita europeia, e a UE azedou de vez no último ano, com o bloco manifestando preocupação com o retrocesso democrático e a corrupção na Hungria.

Orbán respondeu com seu poder de veto, obstruindo temporariamente um pacote de ajuda à Ucrânia e a adesão da Suécia à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Em março, ao convocar seus seguidores, ele ainda usou a expressão “mundo ocidental” ao se referir aos demais países da UE, optando definitivamente pelo confronto e colocando-se firme ao lado da Rússia como rival das lideranças do bloco.

Tags: