Budapeste quer mudar nomes de ruas em protesto contra acordo com a China

Dalai Lama, uigures e Hong Kong são três referências que o prefeito pretende usar em vias da cidade

Gergely Karacsony, prefeito de Budapeste, encontrou uma forma curiosa de protestar contra o primeiro-ministro Viktor Orbán, de quem é adversário político. Ele usará referências incômodas a Beijing para nomear as ruas no entorno de onde será erguida uma universidade chinesa. A informação é da agência Reuters.

O futuro campus da Universidade Fudan é o mais novo ponto de discórdia entre o liberal Karacsony e Orbán, que representa a direita populista. O prefeito acusa seu rival de se aproximar da China às custas do contribuinte húngaro.

O projeto, que deve ser concluído em 2024, custará aos cofres públicos cerca de US$ 1,8 bilhão, segundo documentos obtidos pelo grupo de jornalismo investigativo húngaro Direkt36. O valor é superior ao que o país europeu investiu em todo o seu sistema de ensino superior em 2019 

“A construção dessa universidade colocaria em dúvida muitos dos valores com os quais a Hungria se comprometeu nos últimos 30 anos”, disse Karacsony, referindo-se ao período pós-comunismo no país. 

Budapeste quer mudar nomes de ruas em protesto a acordo entre Hungria a China
Sede do parlamento da Hungria, na capital Budapeste. (Foto: Andrew Shiva/Wikimedia Commons)

Quatro ruas rebatizadas 

A intenção do prefeito é dar a uma rua o nome de “Dalai Lama”, o líder espiritual tibetano exilado que a China considera um perigoso separatista. 

Outra via será nomeada “Rua dos Mártires Uigures”, em homenagem à minoria muçulmana perseguida pelo governo chinês na região de Xinjiang. Muitos governos do mundo classificam o tratamento dispensado aos uigures como genocídio

Uma terceira rua ganhará o nome de “Hong Kong Livre”, referência ao território chinês cuja autonomia é constantemente ameaçada por Beijing. Ainda existe o plano de batizar uma quarta via com o nome de um bispo católico preso na China. 

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