Chefe da Otan alerta aliados da Ucrânia de que a guerra está longe do fim

Conflito está há meses sem avanço significativo, e outono pode abrir nova possibilidade para Moscou atacar as instalações ucranianas

Em entrevista publicada no domingo (17) pelo grupo de mídia alemão Funke, o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, fez um alerta de que a guerra na Ucrânia, iniciada há quase 19 meses, está longe do fim. As informações são da rede CNN.

“A maioria das guerras dura mais do que o esperado quando começam”, disse Stoltenberg. “Portanto, devemos preparar-nos para uma longa guerra na Ucrânia.”

Apesar dos esforços dos aliados de Kiev para destacar avanços recentes na contraofensiva ucraniana, o conflito já estende por vários meses sem conquistas significativas. E a chegada do outono europeu, no dia 20 de setembro, tende a abrir a possibilidade de as forças de Vladimir Putin tentarem um novo ataque à infraestrutura de energia da Ucrânia.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan (Foto: Otan/Flickr)

Stoltenberg expressou o desejo por uma paz imediata, mas também enfatizou a realidade da situação atual: “Se o presidente [Volodymyr] Zelensky e os ucranianos desistissem da luta, seu país não sobreviveria; por outro lado, se o presidente Putin e a Rússia pusessem fim às hostilidades, a paz seria alcançada”, disse.

Stoltenberg acrescentou que a maneira mais simples de encerrar este conflito seria a retirada das tropas russas. Quanto à possibilidade de Putin usar armas nucleares na Ucrânia, o chefe da aliança atlântica afirmou que a retórica nuclear do Kremlin é perigosa e inflexível, mas que “a Otan está pronta para enfrentar todas as ameaças e desafios.”

Ele enfatizou que o objetivo principal da Otan é “prevenir a guerra, especialmente a nuclear”, e que a aliança possui um sistema de dissuasão robusto.

Além disso, Stoltenberg reiterou que a adesão da Ucrânia à aliança é “apenas uma questão de tempo” e afirmou que todos os aliados estão alinhados com essa decisão e que Kiev precisará de garantias de segurança após o fim do conflito para evitar a repetição da história.

Pequenas vitórias

Até o momento, a Ucrânia tem conseguido avanços limitados em sua contraofensiva contra a Rússia, e essas vitórias custaram caro. Recentemente, Kiev anunciou a recaptura da aldeia de Andriivka, ao sul de Bakhmut, o primeiro sucesso desse tipo em várias semanas.

No entanto, o tempo está se esgotando para que a Ucrânia alcance ganhos mais significativos, já que o outono traz consigo condições climáticas mais desafiadoras para o combate. O general Mark Milley, principal líder militar dos Estados Unidos, acredita que a Ucrânia dispõe de apenas seis semanas antes que as mudanças climáticas tornem a contraofensiva mais difícil de ser executada devido à lama e à chuva, afetando a mobilidade no campo de batalha.

Apesar disso, a Ucrânia demonstrou sua disposição de continuar lutando, independentemente das condições climáticas adversas.

As eleições que se aproximam em 2024 nos Estados Unidos também geram incertezas sobre quanto tempo a Ucrânia continuará a receber o apoio de um de seus aliados mais sólidos. A Otan e Washington, em particular, têm fornecido ajuda militar crucial ao país invadido para auxiliá-lo em sua batalha contra a Rússia.

Enquanto isso, as forças militares ucranianas continuam a contraofensiva, lançando ataques de drones na Crimeia e Moscou no domingo (17), de acordo com informações do Ministério da Defesa da Rússia. Esses ataques resultaram na interrupção do tráfego aéreo e causaram um incêndio em um depósito de petróleo.

Na região sudoeste da Rússia, um drone ucraniano danificou um depósito de petróleo, resultando no incêndio de um tanque de combustível que foi posteriormente controlado, conforme relatado pelo governador local. Além disso, outro drone foi derrubado na região russa de Voronezh.

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