China fortalece apoio econômico à Rússia com fornecimento de minerais estratégicos

Embora se apresente como mediadora imparcial, Beijing foi classificada pela Otan como 'facilitadora decisiva' na guerra da Ucrânia

Empresas chinesas com vínculos estatais estão fornecendo à Rússia três minerais estratégicos cruciais para tecnologias militares: germânio, gálio e antimônio. A informação foi revelada em um relatório ao qual a revista Newsweek teve acesso, destacando um contraste com a postura oficial de neutralidade adotada por Beijing desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Embora a China se apresente como mediadora imparcial, alegando não fornecer armamentos a nenhum dos lados do conflito, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) classificou o país como um “facilitador decisivo” do esforço de guerra russo. Em resposta, Estados Unidos e União Europeia (UE) impuseram sanções a centenas de cidadãos e entidades chinesas, acusados de contribuir para a base industrial militar da Rússia.

Presidentes da China, Xi Jinping e da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou, março de 2023 (Foto: Kremlin)

De acordo com o relatório, pelo menos um terço dos fornecedores desses minerais possui participação parcial do governo chinês. Entre eles está a Yunnan Lincang Xinyuan Germanium Industry, controlada majoritariamente por Bao Wendong, membro do Partido Comunista Chinês (PCC). O VITAL Technology Group, outro fornecedor relevante, é composto por empresas chinesas com cerca de 25% de participação estatal.

O fornecimento desses materiais é vital para a produção de componentes usados em sistemas de armas, como drones de guerra empregados pela Rússia contra cidades ucranianas. Além disso, uma subsidiária russa da fabricante japonesa de eletrônicos Ferrotec tem importado antimônio da China para a produção de wafers de silício, posteriormente vendidos a empresas russas de microeletrônica com ligações militares. O fato é notável, considerando que o Japão, assim como os EUA, impôs sanções rigorosas à Rússia.

“Se houver cooperação direta entre uma empresa chinesa e uma russa, as sanções dos parceiros ocidentais não afetam diretamente essa relação. Eles podem continuar suas atividades livremente entre si”, analisou o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky.

Por sua vez, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, reiterou em novembro que Beijing “mantém uma posição objetiva e justa, promovendo ativamente negociações de paz, em contraste com certos países que aplicam padrões duplos e continuam a alimentar a crise na Ucrânia”.

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