Ministro admite que China fornece ‘basicamente todos os drones’ usados pela Rússia

Membro do governo Putin destaca apoio militar chinês durante sessão parlamentar e coloca em xeque as negativas de Beijing

Anton Siluanov, ministro das Finanças da Rússia, admitiu na segunda-feira (16) que “basicamente todos os nossos drones vêm da República Popular da China.” A declaração, dada durante sessão parlamentar para discutir o orçamento federal dos próximos anos, aquece ainda mais o debate em torno do apoio de Beijing às forças armadas russas durante a guerra da Ucrânia. As informações são do jornal South China Morning Post.

Beijing insiste em negar que forneça armas a Moscou para serem usadas na guerra. Entretanto, têm se acumulado os indícios de que empresas chinesas entregam aos russos principalmente tecnologia de uso duplo, aquela pode ter funções tanto civis quanto militares.

Em 2022, por exemplo, a China vendeu mais de US$ 500 milhões em semicondutores para a Rússia, em comparação com os US$ 200 milhões de 2021, segundo dados divulgados no final de setembro pela rede CNBC.

A mesma reportagem afirmou que, até março de 2023, os chineses venderam mais de US$ 12 milhões em drones para equipar as forças do Kremlin.

Drone militar chinês CH-5 na feira Airshow China Zhuhai, em 2022 Foto: Infinito 0/WikiCommons)

Outro importante fornecedor de drones para as forças russas é o Irã, que inclusive firmou com a Rússia um acordo cujo objetivo é viabilizar a produção em sua própria indústria dos drones iranianos modelo Shahed. Por isso, diversas companhias iranianas entraram na lista de sanções do Departamento do Comércio norte-americano e até do Canadá.

Tal questão foi inclusive debatida na reunião parlamentar russa. O Kremlin projeta aumentar a produção de drones no país nos próximos anos, tornando-se responsável por até 41% de suas necessidades até 2025. Para isto, o orçamento previsto é de 60 bilhões de rublos (R$ 3,1 bilhões).

No discurso em que admitiu a parceria com os chineses, Siluanov também reforçou a necessidade de a Rússia “desenvolver a nossa própria base de recursos”, acrescentando que “o dinheiro necessário já foi atribuído”, segundo reportou a revista Newsweek.

Devido à relevância dos drones, protagonistas da guerra, o Ocidente impôs inúmeras sanções a empresas acusadas de equipar as forças de Moscou. No final de setembro, por exemplo, Washington inseriu em sua lista de restrições comerciais 11 companhias chinesas e cinco russas, segundo a agência Reuters. Também foram punidas entidades de Turquia, Alemanha e Finlândia.

Algumas das empresas teriam negociado inclusive a compra de tecnologia norte-americana para equipar os veículos aéreos não tripulados (VANT). Segundo investigação conduzida pela Reuters em parceria com o think tank britânico Royal United Services Institute (RUSI), a exportadora Asia Pacific Links Ltd., com sede em Hong Kong, que é território chinês, seria uma importante fornecedora de peças a Moscou.

“Não hesitaremos em tomar medidas rápidas e significativas contra aqueles que ainda procuram fornecer suprimento e apoio à guerra ilegal e imoral de Putin na Ucrânia”, disse em setembro o chefe de controle de exportações do Departamento do Comércio, Alan Estevez.

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