Com saída de Cummings, parlamentares querem maior acesso a Boris Johnson

Políticos britânicos reclamavam de "cortina de ferro" sobre o premiê; Johnson não teria pedido saída de assessor

Com a saída do principal conselheiro de Boris Johnson, Dominic Cummings, e o diretor de comunicação, Lee Cain, na sexta (13), parlamentares britânicos tentam se aproximar do governo do Reino Unido em meio à retirada definitiva da UE (União Europeia), a partir de janeiro.

A saída foi decisão do próprio conselheiro, após batalhas internas. Com um relacionamento difícil com os parlamentares conservadores, muitos defendem uma “hora da mudança” em Downing Street.

A principal reclamação contra o ex-conselheiro, tido como o mais influente do governo inglês, é a dificuldade em acessar Boris Johnson.

“Havia uma cortina de ferro ao redor do premiê que impedia os parlamentares de levantar as suas preocupações”, disse o conservador Charles Walker à BBC. “Esperamos um novo relacionamento com o gabinete e mais voz nos eventos”.

Com saída de Cummings, ingleses tentam aproximação com Boris Johnson
O premiê do Reino Unido, Boris Johnson, em pronunciamento sobre o Brexit na Chatam House, em dezembro de 2016 (Foto: Foreign, Commonwealth & Development Office UK)

Enquanto outros líderes compartilharam a opinião, o liberal democrata Ed Davey resumiu a troca como um “escândalo”.

O parlamentar citou o avanço do número de mortes por Covid-19 – prestes a alcançar 52 mil, nesta segunda (16) – e a iminência do Brexit. “É inadmissível que, enquanto isso, as pessoas do décimo turno do governo estejam discutindo e disputando posições”, pontuou.

Johnson, disse um porta-voz, preferiu não se envolver na disputa por estar “focado” nas tentativas de combate à Covid-19. O segundo surto do vírus atinge os europeus desde o início de outubro.

A saída de Cummings

Cummings negou que tenha deixado o governo por sofrer ameaças de demissão. “São boatos inventados”, disse à AFP. “Minha posição não mudou desde [a postagem em] meu blog de janeiro”. Em um texto, o polêmico conselheiro anunciou que desejava se tornar “desnecessário” à Londres até o fim de 2020.

Sem filiação partidária, Cummings destacou-se como estrategista político de Boris Johnson. No referendo do Brexit, em 2016, ele liderou uma estratégia de comunicação voltada às redes sociais voltada aos britânicos distantes do meio político.

O porta-voz oficial do primeiro-ministro, James Slack, deve assumir o posto deixado por Lee Cain.

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