Após crise e novo surto de Covid-19, Europa terá dívida de mais de 100% do PIB

UE ressalta incerteza e afirma que produção na zona do euro não deve recuperar nível pré-pandemia tão cedo

O novo surto de Covid-19 força a Europa a lidar com altos níveis de endividamento público. A porcentagem da dívida total em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) da área do euro deve bater 102,3% em 2021. Em 2019, o valor era de 85,9%.

Os dados estão no relatório da União Europeia emitido nesta quinta (5). Agora países mais endividados, como Espanha, Grécia e Portugal, tendem a selecionar os empréstimos para a recuperação da crise a fim de evitar novas dívidas.

Como consequência, os déficits orçamentários, impulsionados pelos auxílios emergenciais e contração nas receitas, também devem ser significativos em toda a UE. Se em 2019 o déficit público agregado na área do euro foi de 0,6%, em 2020 o mesmo índice saltou para 8,8%.

Com novo surto de Covid-19, Europa tenta administrar dívida de mais de 100% do PIB
População de Paris, capital francesa, sai às ruas após o final da quarentena no país, em maio de 2020 (Foto: Flickr/Bastian Greshake Tzovaras)

Especialistas da UE estimam que 2021 deva registrar uma redução no déficit de 6,4%, e 4,7% em 2022. “Isso reflete a eliminação gradual esperada dos auxílios de emergência ao longo de 2021 à medida de uma ligeira aceleração econômica”, estima o estudo.

Em dois anos

Pelas projeções atuais, a UE prevê que os impactos da pandemia devem se prolongar para além de 2022 na Europa. Apesar da breve recuperação no terceiro trimestre, o bloco volta a alertar para os prejuízos econômicos do segundo surto da Covid-19, que já atinge potências como França e Reino Unido desde o início de outubro.

Até o final de 2020, a economia europeia deve registrar uma contração de até 7,4%. Um crescimento de 4,1% é esperado em 2021 e 3% em 2022. “A produção na área do euro não deve recuperar o seu nível pré-pandêmico em 2022″, aponta o relatório.

O aumento do desemprego é um dos fatores que atrasa a recuperação europeia. A perspectiva é que os índices de desocupação voltem a crescer em 2021 enquanto os Estados da UE encerram as medidas de apoio emergencial à população.

Em 2021, a estimativa é que o desemprego cresça 9,4% na área do euro e 8,6% na UE. Uma retomada é esperada em 2022. Ainda assim, a inflação segue moderada: o maior aumento está estimado para 2022, de 1,5%.

O valor é empurrado pela menor demanda de serviços como turismo e bens industriais. “A demanda fraca, a folga do mercado de trabalho e uma taxa de câmbio do euro forte exercerão pressão de baixa sobre os preços”, apontou a divisão.

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