Complexo industrial russo é alvo do ataque mais ousado da Ucrânia até agora

Drones disparados por Kiev atingiram nesta terça-feira o Tartaristão, a cerca de 1,2 mil quilômetros da frente de batalhas

Um complexo industrial na região do Tartaristão, na Rússia, foi atingido nesta terça-feira (2) por um ataque de drones realizado pela Ucrânia, no que parece ser a mais ousada operação ucraniana dentro do território russo até agora na guerra. A área atacada fica a cerca de 1,2 mil quilômetros da linha de frente, segundo informações da rede Radio Free Europe (RFE).

Através do Telegram, Rustam Minnikhanov, que governa a república russa autônoma do Tartaristão, disse que o ataque atingiu dois complexos industriais e causou apenas danos reduzidos, sem interromper a produção. Entretanto, sete pessoas teriam ficado feridas em função do bombardeio.

A região atacada abriga cerca de 20 grandes empresas e é classificada por Moscou como uma zona econômica especial, voltada sobretudo aos setores de engenharia química e mecânica e de tratamento de metais. Abriga, ainda uma refinaria de petróleo e uma recentemente inaugurada fábrica de drones, que parecem ter sido os alvos.

Militar ucraniano segura drone usado na guerra contra a Rússia (Foto: x.com/DefenceU)

Embora os ataques ucranianos dentro do território russo aconteçam desde o início da guerra, têm se intensificado nas últimas semanas. Este ataque no Tartaristão é relevante devido à distância em relação à fronteira com a Ucrânia, o que o torna particularmente ousado.

Segundo a agência Reuters, o alvo principal de Kiev foi a refinaria de petróleo de Nizhnekamsk. Tais estabelecimentos têm sido bastante atingidos pelos drones ucranianos, com o objetivo de comprometer assim uma fonte de renda crucial para os esforços de guerra de Moscou. O objetivo foi confirmado por uma fonte da inteligência ucraniana que pediu anonimato.

De acordo com o mesmo informante, o segundo alvo da Ucrânia no ataque foi a fábrica de drones, onde são produzidos aparelhos baseados no modelo iraniano Shahed. Em junho de 2023, Moscou e Teerã firmaram uma parceria para a Rússia produzir seus próprios veículos aéreos não tripulados, baseados nos projetos fornecidos pelo Irã.

Porém, são os bombardeios às refinarias que mais incomodam a Rússia. Na semana passada, a Reuters afirmou que o país havia perdido 7% de sua capacidade de refinamento devido aos ataques. Agora, a agência divulgou um novo cálculo segundo o qual essa porcentagem pode chegar a 14%.

A situação levou o governo russo, em 1º de março, a proibir por seis meses as exportações de gasolina, segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, que comentou a questão na rede social X, antigo Twitter. Até os EUA se preocupam. Segundo o jornal Financial Times, Washington pediu a Kiev que interrompa os ataques, alegando que isso pode gerar um aumento global do preço dos combustíveis.

Tags: