Compra de combustível pelo Brasil impulsiona economia e ajuda a sustentar a guerra da Rússia

Em 2022, país gastou US$ 95 milhões com o diesel russo, enquanto no ano passado o montante subiu para US$ 4,5 bilhões

As importações de combustível pelo Brasil deram um impulso de US$ 8,6 bilhões à economia da Rússia no ano passado, em meio à guerra da Ucrânia e contrariando a posição ocidental de reduzir as relações comerciais com o país governado por Vladimir Putin para tentar frear a agressão. Os números foram divulgados na terça-feira (30) pelo jornal Financial Times.

De acordo com a reportagem, o valor das importações brasileiras de diesel russo aumentou 4.600% em 2023, enquanto o valor das compras de óleo combustível cresceu quase 400%. Paras se ter ideia da diferença, em 2022 o Brasil gastou US$ 95 milhões com o diesel russo, enquanto no ano passado o montante total pago a Moscou foi de US$ 4,5 bilhões.

Plataforma de petróleo no Mar Negro: combustível paga pela guerra da Rússia (Foto: WikiCommons)

Um levantamento da Kpler, empresa de rastreamento e análise de fluxo de cargas, mostra que o Brasil ultrapassou a Turquia e se tornou o maior comprador de diesel russo em outubro no ano passado. Já a Rússia deixou para trás os EUA e assim se tornou o principal provedor brasileiro do combustível.

Somando-se todos os combustíveis fosseis, o Brasil foi o quinto maior comprador em dezembro de 2023, conforme dados do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA, na sigla em inglês). O país pagou 900 milhões de euros a Moscou naquele mês, atrás de China (5,1 bilhões de euros), Turquia (3,9 bilhões de euros), Índia (2,8 bilhões de euros) e da União Europeia (UE) como um todo (2,7 bilhões de euros).

Questionado sobre o aumento, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços argumentou que ele foi “influenciado por múltiplos fatores” e que “as importações de combustíveis são o resultado de decisões tomadas por agentes privados e seguem a lógica da oferta e da demanda.”

O investimento brasileiro crescente no combustível russo não acompanha uma tendência global de queda, fruto das sanções ocidentais aplicadas contra a Rússia em função da agressão à Ucrânia. Porém, o Brasil não descumpre as punições porque estão previstas exceções no que tange ao transporte, e elas têm sido respeitadas.

Apesar do impulso brasileiro, Moscou tem perdido dinheiro com a venda de derivados do petróleo. Segundo relatório divulgado na semana passada pelo CREA, desde que as sanções foram aplicadas até dezembro de 2023, a Rússia registrou uma redução de 9% nas receitas com petróleo, perda de 13,06 bilhões de euros.

No final da semana passada, a agência Reuters relatou que 14 navios russos com dez milhões de barris de petróleo bruto estavam parados na costa da Coreia do Sul porque o país não conseguia vender a carga, prejudicado pelas sanções.

Tags: