Durante o atual mandato do presidente Vladimir Putin, as autoridades russas processaram judicialmente mais de 116 mil ativistas, ultrapassando os níveis de repressão política vistos durante os governos dos líderes soviéticos Nikita Khrushchev (1953 a 1964) e Leonid Brejnev (1964 a 1982). O cenário levanta preocupações sobre os direitos humanos e a liberdade de expressão na Rússia sob o regime atual. As informações são do jornal The Moscow Times.

De acordo com informações reproduzidas do Proekt, um jornal conhecido pelas suas investigações sobre a corrupção das elites russas, entre 2018 e 2023, mais de 105 mil pessoas foram multadas por fazerem declarações públicas ou participarem de protestos. Além disso, aproximadamente 11,4 mil indivíduos enfrentaram acusações relacionadas às leis de censura de guerra da Rússia, bem como por extremismo, terrorismo, traição, espionagem e recusa em lutar no conflito na Ucrânia.

Um dado alarmante trazido pelo Proekt é que o número de ativistas processados na Rússia atingiu seu ponto mais alto desde os dias de Josef Stalin, líder que governou a União Soviética de forma totalitária de meados da década de 1920 até sua morte em 1953. Nesse período, milhares foram condenados por crimes políticos. Já entre 1956 e 1961, mais de 4,8 mil cidadãos soviéticos foram condenados por agitação antissoviética e divulgação de informações falsas.

O Proekt destaca que o governo russo atual está utilizando táticas semelhantes, incluindo demissões de universidades e outros cargos, expulsões do país e forçando desculpas públicas e juramentos de lealdade. No entanto, o veículo observa que “a verdadeira extensão da repressão é difícil de quantificar”.

O jornal também detalhou que, durante o último mandato de Putin, cerca de 600 mil pessoas foram multadas por desobedecerem ordens policiais, enquanto outras 159 mil receberam multas por violação das restrições da Covid-19 durante e após a pandemia.

Aos 71 anos, Putin tem um caminho aberto para chegar ao quinto mandato nas eleições presidenciais, marcadas para ocorrerem de 15 a 17 de março. Isso porque a oposição enfrenta desafios significativos, com muitos de seus líderes presos, exilados ou impedidos de concorrer, como ocorreu recentemente com Boris Nadezhdin, um candidato antiguerra e único rival de fato do atual mandatário.