Dois homens são presos nos EUA após tentativa de driblar sanções impostas à Rússia

Objetivo dos réus era exportar equipamentos eletrônicos e fornecer serviços de reparo para aeronaves de fabricação russa

O Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês) dos EUA anunciou na quinta-feira (2) a prisão de dois homens no Estado do Kansas acusados de tentar exportar ilegalmente para a Rússia equipamento de aviação que poderiam vir a ser usados na guerra em curso na Ucrânia.

Cyril Gregory Buyanovsky e Douglas Robertson são donos de uma empresa identificada como KanRus Trading Company, que teria fornecido equipamentos eletrônicos de aeronaves (aviônicos) e manutenção de peças a companhias russas, já com a guerra da Ucrânia em andamento.

“Desde 2020, os réus conspiraram para burlar as leis de exportação dos EUA, ocultando e distorcendo os verdadeiros usuários finais, valor e destinos finais de suas exportações e transportando itens por meio de terceiros”, diz comunicado do DoJ.

Caça Sukhoi Su-30, da Rússia: falta de peças devido às sanções ocidentais (Foto: WikiCommons)

A acusação diz que a empresa gerida pelos dois homens chegou a receber uma remessa com o selo do FSB (Serviço Federal de Segurança). O pacote continha um processador de computador usado em aviões que precisava de reparo.

Em 28 de fevereiro de 2022, quatro dias após o início da guerra e antes das sanções mais recentes, eles foram alertados para a necessidade de uma licença especial caso quisessem exportar equipamento de aviação para a Rússia. Mais tarde, entre maio e junho, eles fizeram nova tentativa, usando rotas pela Armênia e pelo Chipre para fazer a carga chegar a Moscou sem as devidas licenças.

“Os réus são acusados ​​de conspiração, exportação de mercadorias controladas sem licença, falsificação e falha em arquivar informações eletrônicas de exportação e contrabando de mercadorias contrárias à lei dos EUA”, afirma o texto.

No caso de condenação, eles podem pegar até “20 anos de prisão por cada acusação de exportação de bens controlados sem licença; até dez anos de prisão por cada acusação de contrabando; e até cinco anos de prisão por cada acusação de conspiração e falsificação de informações de exportação”. 

Rigidez na aplicação das sanções

No mesmo dia em que ocorreram as prisões, o DoJ voltou a prometer rigidez para tratar de casos do gênero. “Aqueles que tentarem apoiar a máquina de guerra de Putin fugindo de nossos controles e sanções de exportação serão responsabilizados”, disse o secretário adjunto de comércio para fiscalização de exportação, Matthew S. Axelrod. 

Já Andrea M. Gacki, diretora do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro, reafirmou a eficiência das sanções ocidentais. “Nossas ferramentas econômicas estão restringindo a Rússia, tanto que o Kremlin encarregou seus serviços de inteligência de encontrar maneiras de contornar sanções internacionais e controles de exportação”, afirmou ela.  

Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022, Washington impôs uma série de rígidas sanções no intuito de restringir o acesso do governo russo a tecnologias e outros itens necessários para sustentar sua máquina de guerra. Os principais alvos têm sido os setores de defesa, aeroespacial e marítimo, também atingindo recentemente áreas como refino de petróleo, industrial, comercial e de bens de luxo. 

As sanções não impedem a Rússia de importar apenas itens de uso militar direto. Elas também limitaram o acesso de Moscou a artigos eletrônicos cruciais para a fabricação de armamento de última geração, como mísseis de cruzeiro de alta precisão, destaque no arsenal russo.

China, aliada da Rússia e à primeira vista uma opção segura para fornecer artigos de uso militar, tem evitado negociar, mas há indícios de que isso pode mudar. Nas últimas semanas, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o governo norte-americano vêm sugerindo que Beijing cogita fornecer armas a Moscou, o que levou Washington a ameaçar o país asiático com sanções

No campo militar, o principal parceiro russo vem sendo o Irã, que foi igualmente alvo de sanções por ter fornecido drones de combate cruciais para as forças armadas da Rússia. Outro fornecedor seria a Coreia do Norte, de onde sairiam artigos como armas e uniformes militares.

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