Em 2020, Suécia deve ter crise econômica parecida com a de seus vizinhos

País optou por não fazer lockdown, mas pode ter contração tão profunda quanto a dos vizinhos, com mais mortes

A Suécia optou por não fazer um lockdown. Na edição deste sábado, (16), a revista britânica “The Economist” pergunta: foi uma boa ideia? Se a meta era poupar o país da violenta recessão que já acomete o resto do mundo, as evidências indicam que talvez não.

Reportagem do “Financial Times” do último dia 10 elenca as principais estimativas a respeito da economia sueca, todas com “resultados desastrosos para o país escandinavo”.

Em março, sem o confinamento, o PIB sueco teve retração de 0,3%, contra -3,8% dos países da zona do euro. Para o resto do ano, a situação é mais grave: a Comissão Europeia estima contração de 6,1% no produto interno do país.

O próprio banco central, Riksbank, trabalha com uma contração de entre 7 e 10%. O desemprego deve atingir entre 9 e 10,4% da população.

No banco sueco SEB, a estimativa é de queda de 6,5%, parecida com a de EUA e Alemanha. Os vizinhos Finlândia e Dinamarca, na avaliação do SEB, devem perder de 9% a 10% do PIB neste ano.

Mas país talvez tenha algumas respostas de “que vida seminormal pode funcionar” enquanto o mundo aguarda uma vacina, diz a “The Economist”.

Em 2020, Suécia deve ter crise econômica parecida com a de seus vizinhos
Praça na capital da Suécia, Estocolmo (Foto: Wikimedia Commons)

Vantagens e desvantagens

Para Christina Nyman, que foi vice-chefe de política monetária no BC sueco, “ainda é cedo para dizer que iremos melhor que os outros. No final, acho que a Suécia vai terminar mais ou menos na mesma”.

A vantagem, para a economista, é que a reabertura após um lockdown “deixa as pessoas com mais medo, há mais incerteza”.

Em março, o governo sueco proibiu aglomerações com mais de 50 pessoas e pediu aos idosos que ficassem em casa. O comércio permaneceu aberto, com regras de distanciamento social. Mas, em abril, o movimento nos restaurantes caiu 70%.

A maior parte das escolas e creches não foi fechada – apenas jovens com mais de 16 anos passaram a estudar de casa. Cerca de um terço da força produtiva “agora evita ir no local de trabalho” e usa táticas como o home office.

O epidemiologista Johan Giesecke, que assessorou o governo sueco, vê o lockdown como um paliativo. Para Giesecke, consultado pela “The Economist”, outros países correram para fechar tudo sem uma política eficiente do que fazer para substitui-los.

O país, de 15 milhões de habitantes, teve três vezes mais mortes que os vizinhos Dinamarca, Finlândia e Noruega – onde, juntos, há cerca de 10 milhões de pessoas. Mas a política do “no lockdown” tem aprovação de dois terços da população, segundo pesquisas locais.

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