Em Belarus, manifestantes contra governo podem ser processados

Passeatas pedem transparência em eleição de 9 de agosto, onde atual presidente deve conseguir sexto mandato

Em Belarus, o processo pré-eleitoral vem acompanhado de protestos contra o governo de Aleksandr Lukashenko e que podem levar à Justiça cerca de 250 manifestantes, presos nesta quarta (15).

Após as prisões, a polícia alegou que tratam-se de “provocadores da internet”, segundo a alemã Deutsche Welle. Alguns já foram fichados e podem pegar curtos períodos de detenção ou pagar multa.

As passeatas, que reuniram centenas em Minsk, capital do país, são motivadas pela remoção de dois candidatos de oposição das eleições presidenciais, que acontecem em 9 de agosto.

Em Belarus, manifestantes contra governo podem ser processados
O presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, que concorre ao sexto mandato em eleição considerada não democrática (Foto: Wikimedia Commons)

Sem a candidatura de Viktor Babariko e Valery Tsepkalo, não há chances reais de derrota do atual presidente. Lukashenko, que ganhou no Ocidente a alcunha de “o último ditador da Europa”, está no poder há 25 anos.

Quem compõe a oposição

Barbariko, que fez carreira no setor financeiro e presidiu um banco russo no país, foi acusado de lavagem de dinheiro. O opositor de Lukashenko seria o responsável por remover US$ 430 milhões do país de forma ilícita e foi preso em junho.

Na última segunda (13), a comissão eleitoral bielorussa negou ao candidato a possibilidade de inclusão de seu nome nas cédulas do pleito.

Já Tsepkalo, antigo aliado, foi ex-embaixador do governo de Lukashenko em Washington (EUA). Sua participação foi vetada pela comissão por supostamente não conseguir assinaturas suficientes para tornar-se candidato.

O diplomata, que tem doutorado em direito internacional, apresentou 160 mil assinaturas. Segundo as autoridades, 75 mil estavam “inválidas”.

A Anistia Internacional avalia que as prisões foram “excessivas e tiveram uso desnecessário de força pela polícia”. Barbariko, por sua vez, seria um “prisioneiro de consciência”, ou seja, cuja condenação tem razão política.

Agora, Lukashenko enfrenta quatro candidatos na eleição presidencial.

Na quarta (15), Lukashenko afirmou que vai “defender o país com todos os meios legais”. A declaração ocorreu durante reunião do governo em Vitsebsk, no leste do país, de acordo com a Radio Free Europe.

“Nem Maidans nem revoluções vão nos parar”, disse, em referência às turbulências políticas na vizinha Ucrânia, entre pró-russos e pró-ocidentais.

Presidente desde sempre

Lukashenko tornou-se presidente em 1994, após campanha independente, com viés populista. Levou a disputa no segundo turno, com 80% dos votos. Dois anos depois, ganhou o direito de estender o mandato até 2001 por referendo.

Para seu segundo mandato, foi escolhido em 9 de setembro de 2001 por 75% dos eleitores e foi celebrado por Vladimir Putin, já presidente da Rússia. Organizações interacionais já denunciavam que a eleição não havia respeitado normas básicas de transparência.

Na terceira eleição, em 2006, Lukashenko avisou que manifestantes de oposição teria o pescoço torcido “como se fazem com patos”, segundo o jornal britânico “The Daily Telegraph“. Ganhou com 84% dos votos.

Em 2010, levou 79,65% dos votos e declarou que o país “jamais” teria sua versão das revoluções Rosa, da Geórgia, e Laranja, da Ucrânia. Ambas avançaram agendas liberais, alinhadas à UE (União Europeia). A eleição foi considerada fraudulenta e ensejou sanções da UE.

Em 2015, recebeu 84% dos votos para um quinto mandato. Mais uma vez, observadores internacionais classificaram o pleito como “não democrático”, informou à época a BBC.

Onde fica Belarus (Foto: Reprodução/Google Maps)

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