Estudantes do ensino médio na Rússia terão como parte do currículo treinamento sobre proteção em caso de guerra nuclear. A sobrevivência em um cenário distópico será ensinado na disciplina “Fundamentos da Segurança e Defesa da Pátria”, que irá abordar armas de destruição em massa e métodos de defesa. A informação foi divulgada pelo jornal Kommersant nesta terça-feira (6), citando um documento do Ministério da Educação. Parte da reportagem foi reproduzida pela revista Newsweek.
Conforme comunicado pela pasta de Educação, os alunos também serão incentivados a repudiar a violência em suas interações sociais e a lidar com ameaças no ambiente digital. A disciplina completa será implementada nas escolas a partir de 1º de setembro deste ano.
Além disso, o plano pedagógico detalha que a matéria ajudará os alunos do ensino médio a aprenderem os princípios da comunicação construtiva, incluindo como reconhecer “fenômenos perigosos na interação social” e como enfrentar “atividades extremistas e terroristas”, segundo o jornal russo.
A nova disciplina não chega a ser novidade no país, já que remonta ao antigo curso de treinamento militar básico da era soviética, que foi ensinado nas escolas até ser abolido em 1993. Sergey Mironov, líder do partido Rússia Justa, destacou que essa implementação prepararia os cidadãos de forma sistemática para um eventual confronto com o inimigo.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou em setembro de 2022 que Moscou está pronta para usar armas nucleares para defender sua integridade territorial. Outras autoridades russas, como o ex-chefe do Kremlin Dmitry Medvedev, que já declarou que duas coisas impedem o Ocidente de iniciar um conflito contra a Rússia: o arsenal nuclear russo e as regras que Moscou estabeleceu para seu uso, têm alertado repetidamente que um conflito do tipo poderia ocorrer devido à guerra na Ucrânia. Além disso, o tema é frequentemente discutido na mídia estatal local.
Durante a guerra na Ucrânia, a questão nuclear tem sido amplamente discutida. Os propagandistas do Kremlin alertam frequentemente sobre uma possível guerra mundial e possíveis ataques russos contra territórios da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), atribuindo isso à ajuda e armamento fornecidos pelos Estados Unidos e outros membros da aliança a Kiev.