EUA estimam que a Rússia já perdeu quase 90% do número de soldados com que iniciou a guerra

De acordo com documentos da inteligência norte-americana, Forças Armadas de Moscou acumulam 315 mil baixas na Ucrânia

Desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 fevereiro de 2022, a Rússia perdeu cerca de 315 mil soldados, entre mortos e feridos. Tais números, que constam de documentos da inteligência dos EUA que foram tornados públicos, equivalem a quase 90% de todo o contingente à disposição de Moscou no momento da invasão. As informações são da agência Reuters.

Segundo os documentos, as Forças Armadas da Rússia tinham no momento da agressão cerca de 360 mil combatentes à disposição. Assim, os 315 mil mortos e feridos representariam 87,5% do efetivo inicial, anterior à mobilização parcial iniciada em setembro de 2022 através da qual Moscou alega ter recrutado outras 300 mil pessoas para servir no campo de batalhas.

Soldados do exército russo em treinamento: cerca de 315 mil baixas na Ucrânia (Foto: eng.mil.ru)

“A escala das perdas forçou a Rússia a tomar medidas extraordinárias para sustentar a sua capacidade de combate. A Rússia declarou uma mobilização parcial de 300 mil combatentes no fim de 2022 e flexibilizou os padrões para permitir o recrutamento de condenados e civis mais velhos”, dizem os documentos.

A inteligência norte-americana faz outra projeção desfavorável a Moscou nos documentos recentemente divulgados, que antes eram de caráter confidencial. Segundo balanço dos EUA, as perdas de homens e também de cerca de 1,3 mil veículos blindados por parte da Rússia na Ucrânia atrasaram a modernização militar de Moscou em cerca de 18 anos.

Dados sigilosos

A estimativa se soma a outras tantas divulgadas periodicamente por governos ocidentais e entidades independentes e ajuda a preencher uma relevante lacuna de informação na guerra. O Kremlin não divulga balanços de mortos e feridos e ainda desqualifica quaisquer números apresentados por terceiros, sempre alegando que as baixas reais são bem inferiores.

Entretanto, os dados sugeridos pelos EUA são compatíveis com balanços divulgados anteriormente. Em outubro, como parte da guerra de narrativas que impera no conflito, Kiev destacou o suposto sucesso de sua contraofensiva para reconquistar territórios invadidos e afirmou que quase 300 mil soldados russos haviam sido mortos ou feridos até então.

A mesma marca de quase 300 mil baixas russas havia sido sugerida por autoridades norte-americanas já em agosto, de acordo com o jornal The New York Times. Na ocasião, fontes citadas pelo jornal admitiam que é difícil fazer uma análise segura, mas sugeriam que Moscou somava então 120 mil soldados mortos e entre 170 mil e 180 mil feridos.

Escassez de combatentes

Embora não admita as perdas dramáticas de pessoal, Moscou evidencia sua preocupação com o efetivo reduzido ao buscar novas formas de recrutamento. No dia 1º de dezembro, o presidente Vladimir Putin ordenou que o contingente militar do país fosse ampliado em 170 mil combatentes, de acordo com a agência Associated Press (AP).

Decreto assinado pelo líder diz que a Rússia deve ampliar o número de militares ativos para 2,2 milhões, sendo 1,32 milhão de soldados. E mesmo essa ampliação pode ser insuficiente, considerando que em dezembro de 2022 o ministro da Defesa Sergei Shoigu sugeriu que seriam necessários 1,5 milhão de soldados para as tropas russas manterem a efetividade.

Para atingir suas metas, o Ministério da Defesa alegou, segundo a AP, que não haverá uma “expansão significativa da mobilização” iniciada em setembro e que o aumento do afetivo acontecerá gradualmente com a adição de voluntários. Uma justificativa questionável, vez que o recrutamento voluntário segue aberto e não vem sendo capaz de atingir quaisquer das metas citadas.

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