Ucrânia anuncia sucesso de contraofensiva e diz que Rússia se aproxima de 300 mil baixas

Kiev diz, ainda, que atingiu 5.047 tanques de guerra, bem como 7.220 sistemas de artilharia, 20 navios e um submarino

Como parte da guerra de narrativas que impera no conflito entre Ucrânia e Rússia, Kiev divulgou nesta sexta-feira (20) uma atualização do número de baixas russas, destacando o suposto sucesso de sua contraofensiva para reconquistar territórios invadidos. De acordo com o Estado-Maior Geral das Forças Armadas, já são quase 300 mil soldados russos mortos ou feridos, mais de 1,3 mil deles em um único dia.

Considerando tais dados, que carecem de verificação independente, as 1.380 baixas registradas em 24 horas representam uma das maiores derrotas de Moscou na guerra iniciada em 24 de fevereiro de 2022. O mesmo post no Facebook que anuncia as perdas humanas russas destaca que 5.047 tanques de guerra foram atingidos, bem como 7.220 sistemas de artilharia, 20 navios e um submarino, além de outros itens.

Entre todos esses números, pouquíssimos contam com alguma confirmação pelo lado do Kremlin, que não divulga quantos de seus soldados foram mortos ou feridos. Para se ter ideia, o último balanço oficial que se tornou público foi feito em setembro de 2022 pelo ministro da Defesa Sergei Shoigu, que falou em 5.937 soldados russos mortos até ali.

Soldados das forças armadas da Ucrânia na guerra contra a Rússia (Foto: facebook.com/GeneralStaff.ua)

Em setembro deste ano, Kiev alegou ter bombardeado com sucesso a frota do Mar Negro, destaque da marinha russa, com um navio de desembarque e um submarino atingidos. Sem dar maiores detalhes sobre o grau de danos sofridos, Moscou confirmou na ocasião que neutralizou sete de dez mísseis de cruzeiro e três drones. Admitiu, ainda, que duas embarcações foram danificadas.

Diante da falta de informações, os serviços de inteligência ocidentais, sobretudo dos Estados Unidos e do Reino Unido, têm divulgado estimativas com alguma frequência, jogando alguma luz sobre o tema.

Há dois meses, em agosto, autoridades norte-americanas citadas pelo jornal The New York Times disseram que o total de baixas da guerra, incluindo russos e ucranianos mortos e feridos, se aproximava de 500 mil. Concordaram com os dados mais recentes de Kiev de quase 300 mil perdas do lado de Moscou, sendo 120 mil mortos e 180 mil feridos.

O número de mortos, por sua vez, se aproxima do observado pelo portal de mídia oposicionista russo Mozhem Obyasnit, que analisou o projeto de alocação de fundos do Kremlin para o período de 2024 a 2026. Para chegar a um número, tomou como base a compensação mensal de 21,9 mil rublos (R$ 1.128) paga pelo Fundo Social da Rússia a familiares de soldados mortos.

Então, o Mozhem Obyasnit constatou o aumento nas despesas do governo com reparações pagas a familiares na comparação com o período anterior à guerra. A diferença, dividida pelo pagamento mensal de 21,9 mil rublos, indica que a Rússia terá que fornecer assistência às famílias de 102,7 mil militares que morreram ou morrerão na guerra da Ucrânia até 2024.

Mais um indício de que as perdas russas são elevadas é uma investigação conjunta da BBC e do canal de notícias independente Mediazona, que revelou recentemente os nomes de 34.412 militares russos mortos na Ucrânia.

A apuração, baseada em documentos públicos como atestados de óbito e relatos disponíveis em jornais e redes sociais, sugere que as perdas reais são bem maiores, considerando os casos de soldados cujos nomes não foram obtidos pela investigação.

A Ucrânia também não costuma publicar dados sobre seus mortos, que, conforme estimativas de agências de inteligência ocidentais, também são consideráveis. Em abril, uma avaliação vazada da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA apontou que Kiev sofreu entre 124,5 mil e 131 mil baixas, incluindo 15,5 mil a 17,5 mil mortos e 109 mil a 113,5 mil feridos.

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