EUA pressionam a Ucrânia a reduzir idade de serviço militar para reforçar as tropas

Washington aponta desafios de mobilização e sugere medidas para aumentar o efetivo militar em meio ao avanço russo no leste

Os EUA estão incentivando a Ucrânia a diminuir a idade mínima para o serviço militar de 25 para 18 anos, em uma tentativa de aumentar o número de soldados em meio à guerra contra a Rússia. Segundo um alto funcionário do governo norte-americano, o ritmo de mobilização de novos recrutas por Kiev é insuficiente para compensar as perdas no campo de batalha. As informações são da agência Reuters.

“O que precisamos agora é de mais mão de obra”, afirmou o representante, ressaltando que as forças russas estão obtendo avanços significativos no leste da Ucrânia, incluindo a região de Kursk, e Kiev precisa responder. “Mobilizar mais soldados poderia fazer uma diferença crucial neste momento.”

A pressão ocorre em um cenário em que os avanços russos estão no ritmo mais acelerado desde o início da invasão em 2022. Analistas apontam que a Rússia conquistou, apenas no último mês, uma área equivalente à metade de Londres.

Volodymyr Zelensky e Joe Biden na Casa Branca, dezembro de 2022 (Foto: twitter.com/whitehouse)

Em abril, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já havia reduzido a idade máxima para mobilização de 27 para 25 anos, ampliando o número de civis aptos ao combate sob a lei marcial em vigor desde o início do conflito. No entanto, segundo fontes próximas ao governo ucraniano, há falta de equipamentos para os novos recrutas.

“Com os atuais esforços de mobilização, não temos veículos blindados suficientes para apoiar todos os soldados convocados”, revelou uma fonte do gabinete de Zelensky. “Não podemos compensar os atrasos de nossos parceiros com as vidas dos nossos soldados, especialmente os mais jovens.”

Apesar do apoio contínuo da administração Biden, que inclui o envio de munições e sistemas de defesa, os EUA reconhecem que a proposta de recrutar jovens de 18 anos enfrenta forte resistência política dentro da Ucrânia. Incentivos para um alistamento voluntário estão sendo discutidos como alternativa, afirmou outro oficial americano.

A Alemanha também tem pressionado a Ucrânia a baixar a idade para o alistamento, segundo fontes do Ministério da Defesa alemão. Enquanto isso, os EUA continuam a fornecer apoio militar, mas a chegada do presidente eleito Donald Trump pode mudar o cenário.

Sem um fluxo consistente de novos recrutas, as tropas existentes, que enfrentam condições extremas na linha de frente, não conseguem rotacionar para descanso e recondicionamento, alertou o funcionário dos EUA.

Embora uma nova redução da idade enfrente forte resistência na Ucrânia, outras medidas foram adotadas recentemente para aumentar o efetivo. Entre elas, penas mais severas para quem evita a convocação, com multas até cinco vezes mais altas que as previstas anteriormente.

De acordo com a agência Associated Press (AP), a Suprema Corte da Ucrânia relatou em maio que 930 pessoas foram condenadas em 2023 por faltar com suas obrigações militares, número cinco vezes superior ao do ano anterior.

Outra medida da Ucrânia para ampliar suas tropas surgiu em maio, quando legisladores aprovaram um projeto de lei que permite a convocação de criminosos condenados para lutar. Um processo semelhante ao adotado pelo Kremlin, embora na Rússia a medida permitia que quase todos os detentos fossem libertados em troca do serviço militar.

Paralelamente, Zelensky passou a pressionar os países europeus para que forcem o retorno à Ucrânia de refugiados em idade de alistamento. A Eurostat, agência estatística da União Europeia (UE), estima que cerca de 768 mil homens ucranianos entre 18 e 64 anos foram abrigados por países do bloco durante a guerra, um número bastante atrativo para as Forças Armadas.

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