Europa calcula o custo de se defender sem os EUA: 300 mil soldados e 250 bilhões de euros a mais

Mudança se faz necessária no contexto de uma ameaça russa crescente e sob o alerta de que um ataque pode ocorrer em breve

Com a possibilidade de perder a garantia de segurança dos EUA, a Europa começa a calcular os custos de se defender sozinha. A dependência do poderio militar americano é significativa, e sem ele o continente teria que reforçar drasticamente suas Forças Armadas, de acordo com um relatório dos think tanks Bruegel e do Instituto Kiel para a Economia Mundial. As informações foram reproduzidas pela revista Fortune,

Este relatório destaca que, embora a Europa possua muitos soldados, a potência de combate de 300 mil tropas americanas supera a de um número equivalente de tropas europeias, distribuídas por 29 exércitos nacionais. Além disso, as tropas dos EUA contam com vantagens como unidades grandes e coesas, comando unificado e recursos estratégicos avançados, como aviação e capacidades espaciais, que faltam aos militares europeus.

Soldados dos EUA e de países europeus membros da Otan (Foto: x.com/US_EUCOM)

O contexto de uma ameaça russa crescente, especialmente após o relatório de inteligência da Dinamarca alertando sobre possíveis ataques russos, torna urgente a necessidade europeia de ampliar sua força militar. O relatório estima que a Europa precisaria aumentar seu contingente militar em mais de 300 mil soldados ou melhorar significativamente a coordenação militar para fechar a lacuna de poder de combate.

Aumentar o número de pessoal e equipamentos em grande escala custará caro. O relatório calcula que a Europa precisaria gastar adicionalmente cerca de 250 bilhões de euros por ano, equivalente a aproximadamente 3,5% do PIB (produto interno bruto). Esse financiamento viria inicialmente de ofertas de dívida, mas necessitaria de um mecanismo de financiamento a longo prazo, com a possibilidade de arrecadar 125 bilhões de euros anualmente dentro da União Europeia (UE).

Os mercados já anteciparam um aumento nos gastos com defesa na Europa, beneficiando contratados de defesa como BAE Systems, Thales, Leonardo e Saab. No entanto, o suporte fiscal massivo pode ser complicado, como evidenciado pelas regras de freio à dívida da Alemanha e pela pressão do mercado de títulos sobre a França devido a seus altos déficits e relação dívida-PIB.

Philippe Legrain, ex-conselheiro econômico do presidente da Comissão Europeia, sugeriu que os governos europeus poderiam pegar emprestado coletivamente para um investimento único em defesa, citando o fundo de resposta à Covid-19 da UE como exemplo. Ele também mencionou a possibilidade de obter empréstimos do Banco Europeu de Investimento, que já financia projetos de uso civil e militar.

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