As Câmaras Especializadas do Kosovo em Haia, na Holanda, condenaram Pjeter Shala, ex-integrante do Exército de Libertação do Kosovo (KLA), a 18 anos de prisão por crimes de guerra cometidos durante a guerra do país de reconhecimento limitado localizado na península dos Bálcãs, que pedia independência à Sérvia, entre 1998 e 1999. As informações são da agência Al Jazeera.
Shala foi considerado culpado de assassinato, detenção arbitrária e tortura de pelo menos 18 vítimas em maio e junho de 1999, quando ele chefiava uma prisão improvisada onde os detidos eram maltratados.
De acordo com a acusação, as vítimas, na maioria albaneses do Kosovo, foram detidas por combatentes do KLA em uma antiga fábrica em Kukes, no norte da Albânia. A juíza Mappie Veldt-Foglia afirmou que o tribunal reuniu evidências confiáveis de que a fábrica foi utilizada para prender, interrogar e maltratar pessoas suspeitas de colaborar com as autoridades sérvias ou de não apoiar o KLA de forma adequada.

Shala, de 60 anos, foi detido na Bélgica em 16 de março de 2021 e transferido para o tribunal em 15 de abril do mesmo ano. O julgamento teve início em 21 de fevereiro de 2023. Conhecido como “Comandante Lobo”, Shala negou as acusações contra ele.
As Câmaras Especializadas do Kosovo são tribunais internacionais baseados em Haia, responsáveis por julgar crimes de guerra e outras graves violações de direitos humanos cometidos durante o conflito no Kosovo. Eles operam separadamente do sistema judicial do Kosovo e têm a função de garantir julgamentos imparciais e justos para os acusados.
Estima-se que mais de 13 mil pessoas morreram no conflito, e 1,6 mil seguem desaparecidos. O Kosovo declarou sua independência em 2008, dez anos após a disputa, e possui o reconhecimento dos EUA e da União Europeia (UE). Sérvia e Rússia não admitem a separação.