Exportação de gás russo para fora das ex-repúblicas soviéticas caiu 45,5% em 2022

Quem aumentou a compra da fonte energética é a China, com novos gasodutos planejados para ampliar ainda mais a parceria

A Rússia viu as exportações de gás para países de fora da Comunidade de Estados Independentes (CEI), que reúne as ex-repúblicas soviéticas, caírem 45,5% em 2022. Os dados foram divulgados na segunda-feira (2) pela estatal Gazprom e reproduzidos pelo jornal independente The Moscow Times.

De acordo com comunicado emitido pela empresa russa, foram exportados em 2022 100,9 bilhões de metros cúbicos de gás natural, em comparação com os 185,1 bilhões de metros cúbicos do ano anterior.

A queda pode ser explicada pelas sanções ocidentais impostas à Rússia em função da guerra na Ucrânia, que levaram sobretudo a Europa, maior comprador do gás russo, a reduzir drasticamente a quantidade importada do tradicional fornecedor.

Estatal russa Gazprom: exportações de gás em queda devido à guerra (Foto: Gazprom/Reprodução Twitter)

Uma das alternativas encontradas pela  União Europeia (UE) para substituir o gás russo é um novo gasoduto do combustível fóssil na costa oeste africana, atualmente com 80% das obras concluídas.

A expectativa é a de que o projeto, que fica próximo às costas do Senegal e da Mauritânia, contenha cerca de 425 bilhões de metros cúbicos de gás, cinco vezes mais do que a Alemanha usou em todo o ano de 2019. No entanto, não é nada que vá ocorrer a curto prazo, mantendo, ao menos no futuro próximo, a crise energética europeia desencadeada pela invasão russa.

Do lado russo, para compensar as perdas, Moscou conta com a China, que tem aumentado bastante os suprimentos nos últimos meses. “A partir de 1º de janeiro, estamos em um nível fundamentalmente novo de fornecimento de gás para a China”, disse Alexei Miller, chefe da Gazprom.

Em dezembro, o presidente russo Vladimir Putin inaugurou um novo gasoduto na Sibéria que levará a fonte de energia do Ártico à China, o que tende a aumentar ainda mais as quantidades exportadas para a nação asiática.

Soma-se a esse novo projeto o atual gasoduto Power of Siberia, que está ativo desde 2019 e ganhará no futuro uma segunda linha.

Ainda assim, a situação da Rússia é preocupante devido às sanções. Segundo Miller, a Gazprom teve um ano “muito, muito difícil”, frente à “mudança total nos mercados de energia”. A empresa responde por 11% da produção global de gás natural global e possui as maiores reservas de gás do mundo.

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