FC Barcelona teme represália da China e abre mão de novo contrato de patrocínio

Clube catalão recuou do compromisso com a H&M por não querer conflitos que possam impactar em seus cofres

O FC Barcelona, um dos maiores clubes de futebol do mundo, abriu mão de uma proposta de patrocínio da rede sueca de lojas H&M, que forneceria à agremiação os uniformes de passeio. A recusa em se associar à marca está relacionada às acusações de crimes contra a humanidade cometidos pelo governo da China contra a minoria uigur de Xinjiang, informa o portal de moda Fashion United.

Em 2020, marcas como H&M e Nike deixaram de comprar o algodão originário de Xinjiang em virtude das denúncias de abusos cometidos por Beijing contra os uigures. Em resposta, a China, que reiteradamente nega as acusações, iniciou uma campanha de boicote às marcas, o que levou a uma redução nas vendas em território chinês.

FC Barcelona foge de polêmica envolvendo Xinjiang e desfaz acordo de patrocínio
Elenco do Barcelona desembarca em Valencia, em maio de 2021 (Foto: Miguel Ruiz/fcbarcelona.com/)

Temendo queda de faturamento na China, um mercado onde tem enorme popularidade, o FC Barcelona recuou no compromisso com a H&M. A parceria renderia aos combalidos cofres do clube catalão aproximadamente três milhões de euros por ano.

Além das eventuais perdas financeiras, outro temor do FC Barcelona ao se associar à H&M era eventualmente perder mais um patrocinador, a empresa chinesa de tecnologia Oppo. O acordo paga anualmente em torno de US$ 6 milhões ao clube e é válido até junho de 2022.

Caso semelhante

Outra referência do clube foi um episódio ocorrido na NBA, a liga de basquete norte-americana. Em 2019, Daryl Morey, então diretor geral do Houston Rockets, publicou na sua conta de Twitter uma mensagem de apoio a manifestantes de Hong Kong favoráveis à emancipação do território em relação à China.

O fato enfureceu o governo chinês, que em resposta suspendeu a exibição dos jogos do time no país por quase um ano. A NBA calculou seu prejuízo à época em aproximadamente US$ 400 milhões.

Contrato rompido

No final de 2020, o atacante francês Antoine Griezmann, que joga no Barcelona, decidiu romper um acordo pessoal de patrocínio com a gigante chinesa de eletrônicos Huawei, acusada de fornecer ao governo chinês tecnologia digital usada na repressão aos uigures.

“Devido às fortes suspeitas de que a Huawei contribuiu para o desenvolvimento de um ‘alerta uigur’ por meio do uso de software de reconhecimento facial, estou encerrando imediatamente minha parceria com a empresa”, disse ele em seu Instagram à época.

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