Forças Armadas da Rússia recrutam adolescente ucraniano retirado de Mariupol

Jovem de 17 anos, transferido à força para a Rússia no ano passado, recebeu uma convocação para se apresentar ao completar a maioridade

Um adolescente ucraniano de 17 anos, retirado à força de Mariupol, sua cidade natal, e transferido posteriormente para a Rússia, recebeu uma convocação para integrar as fileiras do Exército russo, conforme relatou sua advogada. As informações são da rede Radio Free Europe.

Bohdan Yermokhin está sob tutela na Rússia desde sua transferência da cidade ucraniana ocupada pelas forças de Vladimir Putin no ano passado, de acordo com Kateryna Bobrovska, que afirma representá-lo na Ucrânia. Irina Rudnytskaya, a tutora legal de Yermokhin na Rússia, corroborou a informação.

Kateryna afirmou que Bohdan recebeu a instrução de comparecer ao escritório de alistamento militar em dezembro, quando atingirá a maioridade. “Não tenho mais dúvidas sobre os planos da Rússia. Bohdan fará 18 anos em três semanas. Ele será adulto e provavelmente será enviado para servir no exército russo”, disse a defensora.

Militar ucraniano guarda sua posição em Mariupol, Ucrânia (Foto: manhhai/Flickr)

O adolescente faz parte de um grande grupo de jovens transferidos da região de Donetsk por militares russos, sendo colocado em famílias adotivas na Rússia. Ele é supostamente o primeiro entre esses menores de idade ucranianos menores a ser chamado para o serviço militar.

Bohdan, que apoia a Ucrânia, quer voltar para casa. Segundo as leis russas, ele pode ser chamado para o serviço militar, mas como é estudante universitário, a situação não está clara, e ele pode ter um adiamento.

A tutora legal russa do jovem confirmou ter recebido a carta, esclarecendo que era apenas para coleta de dados. Irina destacou que, como estudante, ele recebe um adiamento, e além disso, ressaltou que os recrutas não participam da “SVO”, abreviação para “operação militar especial”, termo utilizado pelo Kremlin para descrever sua invasão ao território ucraniano.

Em abril, Maria Lvova-Belova, comissária presidencial russa para os Direitos da Criança, relatou que Bohdan tentou retornar à Ucrânia via Belarus, mas foi detido pelos serviços de segurança.

O jovem, que ficou órfão alguns anos atrás, residia com uma família adotiva em Mariupol, onde frequentava a Escola Superior Metalúrgica Profissional. Logo após a ocupação da cidade pelas tropas russas em 2022, ele foi levado para a Rússia e colocado em uma família adotiva na região de Moscou.

Crimes de guerra

Em março, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo Vladimir Putin e Lvova-Belova por deportar ilegalmente mais de 700 mil crianças ucranianas, algumas acompanhadas de parentes, outras supostamente órfãs.

A Rússia admite que realocou milhares de crianças da Ucrânia, mas insiste que o fez unicamente com o objetivo de “proteger” órfãos e crianças desamparadas na área de conflito.

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