Geórgia rejeita acusação da Rússia sobre ‘insatisfação’ dos EUA com o país

País vive na esfera de influência pós-soviética, mas governo tem se aproximado dos EUA e da UE desde 2018

Autoridades da Geórgia, ex-república soviética no Cáucaso, rebateram as acusações russas de uma suposta “insatisfação crescente dos EUA” com o partido que governa o país, Sonho Georgiano. A informação é do portal de notícias local “Civil Georgian”.

O vice-ministro das Relações Exteriores do país, Vakhtang Makharoblishvili, afirma que a declaração do SVR (Serviço de Inteligência Externa da Rússia), no dia 9, visa “provocar a desestabilização” da Geórgia.

Na nota, o chefe do SVR, Sergey Naryshkin, afirma que os norte-americanos planejam estabelecer um sistema para apoiar a oposição e, ao mesmo tempo, minar o poder do partido. “A sigla diverge do caminho de cumprimento inquestionável das demandas norte-americanas”, segundo noticiou o portal Eurasianet.

Para Makharoblishvili, a Rússia tenta desacreditar a “aproximação estratégica” entre Washington e Tbilisi. “Provocar polarização não promove paz, levando em consideração o ambiente turbulento existente“. Os EUA não se manifestaram.

“Além da ocupação ilegal [nas províncias separatistas da Abecásia e da Ossétia do Sul, ocupadas pelos russos na guerra de 2008], Moscou usa medidas de guerra para interferir na escolha soberana da Geórgia”, afirmou.

Geórgia rejeita acusação da Rússia sobre 'crescente insatisfação' dos EUA sobre o país
Sede do governo da Geórgia, em Tiblissi, em 2018 (Foto: Divulgação/Government Georgia)

A invasão das duas regiões, que correspondem a cerca de um quinto do território do país, ocasionou o ponto mais baixo das relações entre Moscou e Tbilisi desde o fim da União Soviética, em 1991.

A Abecásia demanda independência e é apoiada pelos russos, enquanto a Ossétia do Sul pleiteia união com a porção norte do território, há 30 anos parte da Federação Russa.

Mensagem questionada

É comum que o SVR comente uma suposta interferência de Washington nos assuntos russos. É raro, porém, que terceiros sejam envolvidos nessas alegações.

Opositores interpretaram a declaração como uma expressão de apoio do Kremlin ao Sonho Georgiano. “Há um oligarca que implementa o plano de [Vladimir] Putin de tornar o país um Estado vassalo da Rússia”, disse Giorgi Baramidze, da sigla opositora UMN (Movimento Nacional Unido).

Governistas também rechaçaram as afirmações da SVR, entre eles a presidente Salomé Zurabishvili. Eleita em 2018, a mandatária buscou estreitar relações com a UE (União Europeia), a contragosto da Rússia. Seu governo busca mais turistas vindos do bloco e aumento no fluxo de investimentos, sobretudo em agricultura.

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