A tempestade que atingiu a região do Mar Negro desde o final de semana até segunda-feira (27) deixou um rastro de destruição na península da Crimeia, anexada pela Rússia desde 2014 e palco de combates esporádicos na guerra em curso contra a Ucrânia. Fotos de satélite mostram que inclusive as defesas russas foram atingidas, segundo relato da revista Newsweek.
Algumas das imagens foram compartilhadas pelo analista de código aberto MT Anderson na rede social X, antigo Twitter. Na postagem, ele diz que a tempestade pode ter comprometido até a atuação de golfinhos treinados pela Marinha da Rússia para detectar e conter a aproximação de mergulhadores enviados pela Ucrânia.
Ainda de acordo com MT Anderson, pelas fotos é possível notar que as redes de contenção dos golfinhos não estão mais posicionadas. Já os sistemas de defesa instalados por Moscou na Crimeia continuam em posição, mas é impossível determinar até que ponto foram afetados pela intempérie. “As defesas estão lá, mas ainda estão funcionais?”, questiona o analista.
🇷🇺BSF: SEVASTOPOL🇷🇺
— MT Anderson (@MT_Anderson) November 28, 2023
0.5M📸 from 28 Nov 2023. Still cloudy so only a view of the harbor entrance & the Frigate Pier.
-Dolphin pens are likely gone and the defenses are there but are they still functional?
-Admiral Makarov rode out the storm or she arrived shortly after pic.twitter.com/PwHt9vlsGr
Sem as redes, o especialista explica que a própria sobrevivência dos golfinhos pode estar em risco. “É importante lembrar que, se os golfinhos estão realmente livres, eles foram criados em cativeiro. Pode-se esperar que eles dependessem de seus treinadores humanos para se alimentar e podem ser incapazes de se defender sozinhos. A fuga pode, portanto, ser uma sentença de morte”, disse.
Uma alternativa, segundo MT Anderson, é que os próprios militares da Rússia tenham se antecipado à tempestade e removido os cercados que mantinham os animais em cativeiro. “Mas atualmente não há evidências disso. Aguardo imagens mais claras para uma análise mais aprofundada”, afirmou.
De acordo com a agência Associated Press (AP), a tempestade gerou prejuízos também para a Ucrânia, com mais de duas mil cidades e vilarejos sem energia elétrica em 16 regiões do país, entre elas Kiev e Odessa. Quase duas mil pessoas, inclusive 138 crianças, precisaram ser resgatadas. Moscou, por sua vez, reportou uma morte na Crimeia, de uma pessoa que saiu para observar as enormes ondas.
Foi a Rússia, entretanto, que arcou com prejuízos mais severos. Um oleoduto que transporta petróleo do Mar Cáspio teve que ser fechado. De acordo com a chefia do serviço meteorológico nacional russo, a tempestade foi uma das mais severas entre as registradas a até hoje, e cerca de três mil pessoas foram convocadas às pressas para limpar as ruas.