Jornalista crítico de Putin é transferido para prisão de alta segurança na Sibéria

Vladimir Kara-Mourza foi condenado a 25 anos de prisão por "traição" e por denunciar a ofensiva militar russa na Ucrânia

Um jornalista russo crítico do Kremlin, preso por denunciar publicamente a invasão da Ucrânia pelas forças de Vladimir Putin, foi transferido para uma prisão de segurança máxima na Sibéria, conforme informado por seu advogado no domingo (24). As informações são da rede Deutsche Welle.

Vladimir Kara-Murza Jr., de 42 anos, recebeu uma sentença de 25 anos de prisão por traição no início deste ano, como parte dos esforços do governo russo para reprimir a dissidência. Em um julgamento realizado a portas fechadas, ele foi considerado culpado por disseminar “informações falsas” sobre o exército russo e por ter conexões com uma “organização indesejável”.

Na semana passada, o crítico de Putin foi levado para a prisão IK-6, uma instalação de segurança máxima na cidade siberiana de Omsk, onde foi alojado em uma pequena cela de isolamento, como relatado no Facebook pelo seu advogado, Vadim Prokhorov. A viagem levou semanas, acrescentou o defensor.

Kara-Murza recebe seu advogado na prisão antes da transferência (Foto: Twitter/Reprodução)

Prokhorov expressou preocupação de que colocar seu cliente em celas disciplinares represente um risco para sua saúde frágil, devido a uma doença nervosa chamada polineuropatia, resultante de duas tentativas de envenenamento das Kara-Murza foi vítima.

Nos últimos meses, as autoridades russas têm transferido regularmente dissidentes para celas de isolamento por supostas infrações menores, tática vista como uma forma de pressionar ainda mais os críticos do Kremlin que estão na prisão.

O advogado observou que a transferência de Kara-Murza de um centro de detenção em Moscou, onde ele aguardava julgamento e recursos, foi realizada “surpreendentemente” em menos de três semanas. Geralmente, as transferências de prisões russas levam muito mais tempo, durante as quais os prisioneiros ficam incomunicáveis e as informações sobre seu paradeiro são pouco transparentes.

Kara-Murza é um jornalista e ativista da oposição que possui cidadania russa e britânica. Ele sobreviveu a dois envenenamentos, em 2015 e 2017, que ele acredita terem sido realizados pelo Kremlin, embora as autoridades russas neguem envolvimento. Ele também era um colaborador próximo do líder da oposição Boris Nemtsov, que foi assassinado perto do Kremlin em 2015.

As prisões IK-6 são instituições penitenciárias de segurança máxima na Rússia. Datadas da antiga União Soviética, elas foram criticadas no passado por alegações de violações dos direitos humanos, incluindo condições precárias, tratamento abusivo e falta de acesso adequado a cuidados médicos. Tais violações levaram a preocupações sobre o respeito aos direitos dos prisioneiros nessas instalações.

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