O jornalista norte-americano Evan Gershkovich será julgado por espionagem na Rússia. A decisão de colocá-lo no banco dos réus foi anunciada nesta quinta-feira (13) pelos promotores responsáveis pelo caso, que corre em um tribunal da cidade de Ecaterimburgo. As informações são do The Wall Street Journal (WSJ), veículo para o qual ele trabalha.
De acordo com o periódico, que classifica as acusações contra seu repórter como “falsas”, o caso está nas mãos de um tribunal de primeira instância, no qual ele “pode enfrentar uma série de audiências secretas e a portas fechadas.”

Gershkovich está preso desde 29 de março de 2023, quando visitava a Rússia trabalho e tinha autorização para trabalhar no país produzindo reportagens para o WSJ. Na visão de Moscou, entretanto, ele atuava a serviço da CIA (Agência Central de Inteligência, da sigla em inglês) e tinha como missão coletar dados sobre empresas do setor de defesa local.
Em fevereiro deste ano, Maria Pevchikh, aliada do oposicionista russo Alexei Navalny, afirmou que o jornalista estava numa lista de troca de prisioneiros com o governo russo. Na mesma lista estariam o ex-fuzileiro naval Paul Whelan, igualmente encarcerado na Rússia, e o próprio Navalny, que morreu no dia 16 daquele mês dentro de um presídio na Sibéria.
Segundo Pevchikh, indícios públicos das negociações secretas surgiram em setembro passado, quando o WSJ noticiou que autoridades dos EUA cogitavam garantir a libertação de Gershkovich e Whelan em uma troca que envolvesse Vadim Krasikov, cidadão russo condenado na Alemanha por assassinato, em uma operação que a Justiça alemã acredita ter sido executada a mando de Moscou.
De acordo com a rede BBC, caso seja considerado culpado das acusações, o jornalista do WSJ pode pegar uma pena de até 20 anos de prisão. Ele está encarcerado há mais de um ano e é o primeiro jornalista dos EUA formalmente acusado pelo Judiciário da Rússia desde o fim da União Soviética. O governo norte-americano nega qualquer vínculo entre ele e seu serviço de inteligência.
No passado, o jornal para o qual Gershkovich trabalha chegou a afirmar que a prisão dele é parte de uma estratégia do governo russo, que assim “armazena norte-americanos em prisões russas para poder negociá-los em uma data posterior.”