Justiça russa condena ex-combatentes do Wagner Group por ‘disseminação de notícias falsas’

Tribunal emitiu uma sentença de cinco anos e meio de prisão contra dois mercenários que concederem entrevista a uma ativista

Um tribunal na Sibéria emitiu uma sentença de cinco anos e meio de prisão para Maxim Zelenov e Alexei Chernyavsky, ex-membros do grupo mercenário russo Wagner Group, por espalharem “informações deliberadamente falsas” sobre as ações das Forças Armadas Russas. O caso ganhou atenção após os dois homens contatarem Vladimir Osechkin, fundador exilado do grupo de direitos dos prisioneiros Gulagu.net, e alegarem que receberam ordens de matar civis durante a invasão da Ucrânia. As informações são do The Moscow Times.

Recrutados de uma colônia penal em Irkutsk em novembro de 2022, Zelenov e Chernyavsky foram perdoados pelo presidente Vladimir Putin, com seus registros apagados antes de se juntarem ao Wagner. De acordo com fontes, os ex-combatentes abandonaram seu treinamento no início de 2023, buscando refúgio em Luhansk, na Ucrânia, ocupada pela Rússia.

Em uma entrevista de setembro de 2023, Zelenov revelou que, em um único incidente, ele e outros combatentes teriam matado cerca de 40 pessoas em um prédio de cinco andares. A declaração gerou um furor nas redes sociais e trouxe à tona questões sobre a conduta do Wagner no conflito.

Combatentes do Wagner Group, organização paramilitar privada aliada ao Kremlin (Foto: VK/reprodução)

O tribunal da cidade de Minusinsky, localizado na região de Krasnoyarsk, considerou que Zelenov e Chernyavsky enganaram o público e comprometeram a credibilidade do exército russo. Além da pena de prisão, Zelenov foi obrigado a se submeter a tratamento psiquiátrico para um transtorno não especificado.

Osechkin, que ofereceu ajuda a Zelenov e Chernyavsky em sua busca por asilo político no exterior, também foi alvo de críticas por supostamente lucrar com o processo de asilo, sendo rotulado pelas autoridades russas como “agente estrangeiro”. Sua reputação sofreu danos após a publicação de uma investigação que alegava que ele mantinha vínculos com altos funcionários de segurança russa.

As autoridades judiciais afirmaram que Osechkin prestou ajuda a Zelenov e Chernyavsky em sua busca por asilo político no exterior, além de ter lhes pago 50 mil rublos (R$ 3,3 mil) pela entrevista.

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