Hungria, Polônia e Itália organizam bloco conservador no Parlamento Europeu

Grupo planeja fazer oposição ao PPE, partido de centro-direita que domina o Parlamento da UE em Bruxelas, na Bélgica

O encontro entre o líder de extrema direita da Itália Matteo Salvini e os primeiros-ministros da Hungria, Viktor Orbán, e da Polônia, Mateusz Morawiecki, na última quinta (1) na capital húngara Budapeste, serviu para discutir as bases de um novo “grupo político” no Parlamento Europeu.

Os líderes querem criar um novo partido, de base populista e conservadora. O objetivo é fazer oposição à sigla de centro-direita PPE (Partido Popular Europeu), que domina o Parlamento em Bruxelas (Bélgica) há pelo menos 20 anos.

A sigla de Orbán, Fidesz, deixou o PPE no final de março após meses de disputa sobre a lei já sancionada pela UE (União Europeia) que obriga os países do bloco a operarem nos limites do Estado de direito – e, assim, manterem diretrizes democráticas.

Líderes da Hungria, Polônia e Itália organizam novo grupo conservador
Encontro entre o político italiano Matteo Salvini (direita), o premiê da Hungria, Viktor Orbán (centro) e o premiê da Polônia, Mateusz Morawiecki, em Budapeste, 1º de abril de 2021 (Foto: Reprodução/Twitter/Matteo Salvini)

“Vamos lançar uma nova plataforma”, disse o premiê da Hungria, que encabeça o grupo. “O PPE se comprometeu a cooperar com a esquerda europeia a longo prazo. Este grupo será uma organização que dará aos cidadãos que acreditam em uma Europa tradicional a representação que merecem”, registrou a RFE (Radio Free Europe).

Depois da reunião, Orbán saudou o “primeiro passo de uma longa jornada”. Conforme o premiê húngaro, a minicúpula se reencontrará em Roma ou Varsóvia no mês de maio, em data ainda não estabelecida.

Proximidade ideológica

Orbán, Salvini e Morawiecki compartilham de uma agenda populista à direita, de defesa de valores tradicionalistas, oposição à imigração, a grupos LGBT e ao estado de bem estar social europeu. Se angariar o apoio de todos os outros partidos de direita, a nova sigla – ainda sem nome – pode se tornar o segundo maior grupo no Parlamento Europeu.

Há consenso para a formação desse bloco na Hungria, já que Orbán está cada vez mais isolado em relação aos outros governos europeus, e na Itália, onde Salvini busca recuperar relevância no debate político europeu. Falta, porém, acordo entre a extrema direita da Polônia, apontaram analistas ao jornal britânico “Financial Times”.

A proximidade de Orbán e Salvini com o presidente russo, Vladimir Putin, pode não agradar Morawiecki e gerar desconforto com outros aliados em potencial. “O elefante óbvio na sala é a Rússia”, disse o pesquisador da fundação alemã German Marshall Fund, Daniel Hegedus, ao FT.

O Fidesz tem 11 dos 21 eurodeputados da Hungria, enquanto o polonês PiS (Lei e Justiça) detêm 27 das 52 cadeiras. Já a Liga de Salvini soma 28 dos 76 assentos da Itália, e já integra o grupo de extrema direita eurocética ID.

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