O político italiano de extrema direita Matteo Salvini desagradou parte de sua base eleitoral ao econceder apoio ao novo governo do país, liderado pelo ex- presidente do BCE (Banco Central Europeu) Mario Draghi. Isso porque Salvini tornou-se célebre por sua postura eurocética e de antagonismo à UE (União Europeia).
Agora, porém, o populista teve de integrar a base em favor do novo primeiro-ministro, empossado na última quarta-feira (17). O premiê Draghi defende a permanência da Itália na zona do euro, enquanto a moeda única foi alvo de múltiplos ataques de Salvini no passado.
“Perderam a minha confiança e de outras pessoas que acreditaram no ‘Il Capitano’ [como era chamado]”, disse um eleitor italiano de 56 anos ao britânico “Financial Times”. “Vocês não têm vergonha de mudar de lado assim?”, questionou outro na internet.
Apesar das teorias conspiratórias que já circulam na internet sobre a mudança repentina de Salvini, analistas dizem que a opção foi uma “resposta pragmática” às mudanças do humor político na Itália.
Depois do movimento para a renúncia do ex-premiê Giuseppe Conte, em janeiro, pesquisas sugerem que mais de 80% dos eleitores apoiam o novo governo. Boa parte da população também afirma nunca ter “levado tão a sério” a agitação anti-euro da extrema-direita.
Assim, uma tentativa de oposição ao governo de Draghi poderia impor nova queda de popularidade, em uma trajetória iniciada em 2020. Na última eleição nacional, em 2018, Salvini caiu de 30% de aprovação para 20%, hoje.
Apesar do apoio a Draghi, porém, a opinião do político sobre outros tópicos permanece a mesma. Integrante de uma vertente política pós-fascista da Itália, Salvini é contra a imigração, crítico à União Europeia e conservador em questões como o casamento gay e a manutenção de uma “estrutura familiar tradicional” italiana.
Questionado sobre a permanência na zona do euro poucos dias antes da eleição do novo primeiro-ministro, Salvini afirmou que “só a morte é irreversível.”