Lukashenko diz que Belarus receberá grande remessa militar da Rússia

O ato sinaliza apoio contínuo de Moscou em meio a olhares atentos do mundo por conta da violenta repressão no país

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, anunciou nesta quarta-feira (1°) que seu país aguarda por uma grande remessa de equipamentos militares da Rússia, informou a Radio Free Europe. O ato sinaliza apoio contínuo de Moscou em meio a olhares atentos do mundo por conta da violenta repressão contra os dissidentes da ex-república soviética.

Falando diretamente da cidade de Bobruisk, Lukashenko disse que dezenas de aeronaves e sistemas de defesa aérea, incluindo “provavelmente” sistemas de mísseis S-400, serão entregues “em um futuro próximo”. Mais detalhes não foram revelados.

O político também confirmou que planeja ter uma conversa em Moscou no dia 9 de setembro com o presidente russo, Vladimir Putin, quando irá tratar de assuntos que visam a uma maior integração entre os dois países.

Lançador do sistema de defesa aérea S-400, previsto no pacote bélico russo endereçado a Minsk (Foto: Vitaly V. Kuzmin/Wikimedia Commons)

De acordo com Lukashenko, 28 roteiros de integração entre os dois países aguardam aprovações de ambos os líderes, documentos que têm previsão de assinatura por ele e Putin entre os meses de outubro e novembro.

Ao longo dos seus 27 anos no poder, o autoritário líder se empenhou para firmar grandes parcerias com Moscou. Mas o apoio de Vladimir Putin a Lukashenko faz com que a Rússia tenha Minsk sob sua zona de influência, colocando em risco a autonomia da pequena nação europeia.

Lukashenko há muito tenta se retratar como um freio à pressão de Moscou para anexar Belarus à Rússia dentro de um chamado Estado da União, um acordo bilateral de décadas que prevê união com laços políticos, econômicos e de segurança mais estreitos entre as duas nações.

Moscou-dependência

Um ano de protestos de rua desde uma eleição presidencial sob suspeição colocou o líder belorusso na defensiva e aparentemente cada vez mais dependente do apoio de Putin.

Enquanto isso, nações ocidentais se recusaram a reconhecer Lukashenko como um presidente legítimo e impuseram sanções a seu governo pela repressão direcionada a políticos e oposição anti-Lukashenko, mídia independente, grupos de direitos humanos e sociedade civil.

Lukashenko disse nesta quinta (1º) que uma “integração mais profunda” com a Rússia não privará seu país da soberania.

“Estamos construindo nossos laços como dois Estados soberanos”, disse ele, acrescentando que “não há necessidade de destruir a soberania e a independência das duas nações”.

Exercícios militares conjuntos entre as forças russas e belorussas estão programadas para o final de setembro.

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