O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, anunciou nesta quarta-feira (1°) que seu país aguarda por uma grande remessa de equipamentos militares da Rússia, informou a Radio Free Europe. O ato sinaliza apoio contínuo de Moscou em meio a olhares atentos do mundo por conta da violenta repressão contra os dissidentes da ex-república soviética.
Falando diretamente da cidade de Bobruisk, Lukashenko disse que dezenas de aeronaves e sistemas de defesa aérea, incluindo “provavelmente” sistemas de mísseis S-400, serão entregues “em um futuro próximo”. Mais detalhes não foram revelados.
O político também confirmou que planeja ter uma conversa em Moscou no dia 9 de setembro com o presidente russo, Vladimir Putin, quando irá tratar de assuntos que visam a uma maior integração entre os dois países.
De acordo com Lukashenko, 28 roteiros de integração entre os dois países aguardam aprovações de ambos os líderes, documentos que têm previsão de assinatura por ele e Putin entre os meses de outubro e novembro.
Ao longo dos seus 27 anos no poder, o autoritário líder se empenhou para firmar grandes parcerias com Moscou. Mas o apoio de Vladimir Putin a Lukashenko faz com que a Rússia tenha Minsk sob sua zona de influência, colocando em risco a autonomia da pequena nação europeia.
Lukashenko há muito tenta se retratar como um freio à pressão de Moscou para anexar Belarus à Rússia dentro de um chamado Estado da União, um acordo bilateral de décadas que prevê união com laços políticos, econômicos e de segurança mais estreitos entre as duas nações.
Moscou-dependência
Um ano de protestos de rua desde uma eleição presidencial sob suspeição colocou o líder belorusso na defensiva e aparentemente cada vez mais dependente do apoio de Putin.
Enquanto isso, nações ocidentais se recusaram a reconhecer Lukashenko como um presidente legítimo e impuseram sanções a seu governo pela repressão direcionada a políticos e oposição anti-Lukashenko, mídia independente, grupos de direitos humanos e sociedade civil.
Lukashenko disse nesta quinta (1º) que uma “integração mais profunda” com a Rússia não privará seu país da soberania.
“Estamos construindo nossos laços como dois Estados soberanos”, disse ele, acrescentando que “não há necessidade de destruir a soberania e a independência das duas nações”.
Exercícios militares conjuntos entre as forças russas e belorussas estão programadas para o final de setembro.