Hackers ucranianos dizem ter invadido um sistema importante do Ministério da Defesa da Rússia, segundo informações de uma comunidade de inteligência. O grupo, chamado Cyber Resistance (Resistência Cibernética, em tradução livre), compartilhou detalhes de sua ação com a mídia ucraniana InformNapalm, segundo repercutiu a revista Newsweek.
Os ciberativistas alegam ter acessado o Departamento de Informação e Comunicações de Massa do Ministério da Defesa e o sistema russo de monitoramento de mídia chamado Katyusha. O grupo afirma ter obtido documentos internos e estudado um software usado por propagandistas militares russos.
O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, teve documentos relacionados a ele visualizados pelo grupo hacker. Konashenkov lidera reuniões diárias sobre a “operação militar especial” da Rússia na Ucrânia e é visto como a face da guerra pela mídia russa.
Desde 2017, Konashenkov é o chefe do Departamento de Informação e Comunicações de Massa do Ministério da Defesa. Em junho de 2022, ele foi promovido a tenente-general por decreto presidencial.
Os hackers tiveram acesso aos relatórios de Konashenkov sobre as primeiras semanas da invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir Putin em 2022. Um documento indicou que as forças russas teriam destruído 1,5 mil tanques ucranianos e mais de mil unidades de “equipamento militar especial” em um mês.
Foi descoberto que os funcionários do departamento monitoram a mídia ocidental e russa diariamente, classificando-as como “positivas”, “negativas” ou “neutras”, e enviam relatórios para Konashenkov.
O grupo de hackers também descobriu esforços para neutralizar blogueiros militares críticos da guerra no aplicativo de mensagens Telegram. No entanto, eles não conseguiram acessar a lista de quais seriam os canais visados.
A Cyber Resistance descobriu que a retirada das forças russas de uma posição importante em Kherson, na Ucrânia, foi mencionada em uma carta datada de 14 de novembro. Esta informação, atribuída ao Ministério da Defesa, foi publicada um dia antes pelos meios de comunicação estatais russos Tass e RIA Novosti, que rapidamente recuaram nessa informação.
Em abril, o grupo alegou ter invadido a conta de e-mail do tenente-coronel russo Sergey Morgachev, ele próprio acusado pelo governo dos EUA de liderar um grupo de criminosos digitais que teria realizado ciberataques contra o Ocidente.
O InformNapalm sugeriu que a Rússia, se preparando para as eleições de Putin, pode estar iniciando uma nova onda de expurgos no Telegram para eliminar qualquer deslealdade ao Kremlin.