Míssil que matou 59 pessoas em café da Ucrânia foi lançado por forças russas, diz ONU

Relatório baseado em investigação presencial culpa Moscou e diz que episódio foi um dos 'mais mortíferos para civis' na guerra

Uma investigação conduzida pela ONU (Organização das Nações Unidas) concluiu que as Forças Armadas da Rússia foram responsáveis pelo ataque com um míssil que matou 59 pessoas em um café da pequena aldeia de Hroza, no leste da Ucrânia, no dia 5 de outubro.

Em relatório divulgado nesta terça-feira (31), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) afirma que aquele foi “um dos incidentes mais mortíferos para civis desde fevereiro de 2022”, quando teve início o conflito, com a invasão russa.

No documento, o ACNUDH “conclui que existem motivos razoáveis ​​para acreditar que o míssil foi lançado pelas Forças Armadas russas e que não havia qualquer indicação de pessoal militar ou de quaisquer outros alvos militares legítimos no local ou adjacente ao café no momento do ataque.”

Forças Armadas russas disparam míssil na guerra da Ucrânia, abril de 2022 (Foto: Facebook/mod.mil.rus)

Para chegar às conclusões constantes do relatório, a ONU diz que foram realizadas duas ações presenciais, nos dias 7 e 10 de outubro, por membros da Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos na Ucrânia (HRMMU).

“Colegas inspecionaram o local da explosão e entrevistaram 35 pessoas, incluindo moradores locais, testemunhas, dois sobreviventes, equipe médica e funcionários do necrotério”, diz a entidade. “O relatório detalha o impacto devastador do ataque com mísseis em Hroza, com 15 famílias perdendo dois ou mais familiares.”

As vítimas fatais são 36 mulheres, 22 homens e um menino de oito anos, de acordo com as Nações Unidas. Eles estavam no café para uma recepção organizada após o funeral de um homem que servia às Forças Armadas ucranianas e havia morrido na guerra. A explosão destruiu completamente o café e uma pequena loja adjacente.

Segundo o relatório, os militares russos “ou não fizeram tudo o que era possível para verificar se o alvo era um objetivo militar, ou visaram deliberadamente civis ou objetos civis.” E conclui que “qualquer um dos cenários constituiria uma violação do direito humanitário internacional.”

Os números da guerra

Segundo dados divulgados por Kiev, mais de 27 mil baixas entre civis ucranianos foram registradas na guerra, sendo 9.701 mortos e 17.748 feridos. Entre os mortos estariam 509 crianças. A Ucrânia ainda acusa a Rússia de 111.347 crimes de guerra, com mais de 120 mil edifícios residenciais destruídos. Os dados foram atualizados pela última vez no dia 26 de outubro de 2023.

Desde o início da invasão, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também registrou mais de 1,3 mil ataques contra serviços de saúde, que equivalem a 55% de todos os ataques deste tipo no mundo no mesmo período.

Já o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) afirma que as organizações humanitárias não são poupadas. O número de trabalhadores de ajuda humanitária mortos mais que triplicou, passando de quatro em 2022 para 14 até agora em 2023.

A guerra também gerou uma crise humanitária, com cerca de 18 milhões de pessoas, mais de 40% da população ucraniana, necessitando atualmente de algum tipo de assistência. Outras dez milhões de pessoas permanecem deslocadas, seja internamente no país ou como refugiados em outros países.

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