Montenegro expulsa seis diplomatas russos em meio a investigação de espionagem

Governo montenegrino já havia denunciado um ataque de hackers russos contra a infraestrutura estatal no final de agosto

Seis diplomatas russos foram expulsos de Montenegro na quinta-feira (29) sob suspeita de espionagem. Eles trabalhavam para a Embaixada da Rússia em Podgorica, capital do país dos Bálcãs. As informações são da rede Radio Free Europe.

A medida é parte de uma operação contra organizações criminosas e espiões. Pelo Twitter, o Ministério das Relações Exteriores montenegrino declarou que os suspeitos foram declarados “persona non grata” devido a “atividades contrárias à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”.

“Uma operação internacional está sendo realizada para proteger nossos interesses nacionais”, disse o primeiro-ministro montenegrino Dritan Abazovic, acrescentando que espera que a ação diminua “influências malignas” em Montenegro.

De acordo com reportagens da imprensa local, as operações também visaram a cidadãos montenegrinos que estariam praticando espionagem para a Rússia, segundo relatou a agência de notícias estatal turca Anadolu.

Embaixada da Rússia em Podgorica (Foto: Tass/Divulgação)

Como resposta, Moscou fechou as portas do seu consulado em Podgorica, manifestou a Embaixada da Rússia em nota oficial. No comunicado, a diplomacia alegou que, devido a “ações hostis das autoridades montenegrinas em relação à embaixada russa em Montenegro”, o trabalho do departamento consular em Podgorica foi “suspenso indefinidamente”.

Montenegro aderiu à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 2017, tendo seguido a tendência ocidental de impor sanções contra o Kremlin após a invasão da Ucrânia.

Ataque hacker

Esta não foi a única desavença recente entre Moscou e Podgorica. No final de agosto, o governo de Montenegro solicitou o apoio do FBI, a polícia federal dos EUA, para investigar ciberataques atribuídos a um grupo de hackers russos chamado Cuba. O alvo foi a infraestrutura digital estatal.

A Agência de Segurança Nacional montenegrina classificou os ataques como “sem precedentes” e disse que os serviços de tecnologia da informação (TI) do governo foram atingidos.

“Embora alguns serviços estejam temporariamente desativados por motivos de segurança, a segurança das contas dos cidadãos e entidades empresariais e dos seus dados não está de forma alguma ameaçada”, disse o ministro da Administração Pública Marash Dukaj, comparando os ataques a outros que ocorreram em 2015 e 2016.

Segundo Dukaj, 150 estações de trabalho de dez instituições estatais foram infectadas, mas não houve um pedido de resgate por parte dos agressores. Ataques do tipo ransomware são comuns da parte de hackers russos, que bloqueiam dados de sistemas importantes e só os liberam em troca de dinheiro.

Para as autoridades montenegrinas, os ataques podem ter sido uma represália por Montenegro ter aderido às sanções impostas a Moscou em função da guerra na Ucrânia.

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