Moscou exibe vídeo de ‘confissão’ de terroristas e mais uma vez implica Kiev em ataque

Autores do atentado na Rússia disseram em um vídeo divulgado pelo governo que planejavam fugir para a Ucrânia

Uma emissora de televisão estatal da Rússia divulgou um vídeo no final de semana no qual os quatro acusados de terem cometido o atentado de 22 de março em Moscou dizem que buscariam refúgio na Ucrânia após o ataque. A “confissão” vem sendo usada pelo Kremlin como mais um indício de que Kiev está por trás do violento episódio, uma versão contestada tanto pelos ucranianos quanto por governos ocidentais. As informações são do jornal The Moscow Times.

Nas imagens, os quatro homens, todos provenientes do Tadjiquistão, são questionados sobre para onde iriam após o ataque. Eles respondem: “Para Kiev.” A emissora ainda afirmou que os homens receberiam dinheiro do governo ucraniano quando chegassem ao país.

As “confissões”, porém, são no mínimo questionáveis. Dois dias depois do ataques, os quatro suspeitos foram presos e apareceram em um tribunal russo com hematomas no rosto e no corpo, sinal de que podem ter sido torturados pelas autoridades.

Ataque terrorista no Crocus City Hall, em Moscou (Foto: WikiCommons)

O ataque matou 145 pessoas na casa de espetáculos Crocus City Hall. Quatro homens com rifles automáticos invadiram o local antes da apresentação de uma banda que foi popular nos tempos da extinta União Soviética. O show estava prestes a começar quando os homens começaram a disparar contra a multidão.

Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) assumiu a autoria do ataque. Originário do Afeganistão, o grupo extremista vê a Rússia como um inimigo por razões diversas. Na guerra civil da Síria, Moscou apoia o presidente Bashar al-Assad, que tem no EI um inimigo. As tropas russas inclusive realizaram bombardeios contra posições rebeldes, matando um bom número de jihadistas.

Também pesa para a hostilidade a proximidade entre o governo russo e o Taleban, ampliada desde que este assumiu efetivamente o governo do Afeganistão, em agosto de 2021, depois da saída da tropas estrangeiras. No país do Oriente Médio, os talibãs são tratados como inimigos pelo EI-K, que tem neles o principal alvo de seus ataques.

O argumento russo também foi enfraquecido por um aliado do presidente Vladimir Putin. Segundo o site Politico, o líder belarusso Alexander Lukashenko disse após o ataque que os autores se dirigiam a Belarus.

“Colocamos nossas unidades em alerta máximo para se prepararem para uma situação de combate”, disse Lukashenko em coletiva. “Como resultado, eles não conseguiram entrar em Belarus de forma alguma. Reconhecendo isto, desviaram o seu curso e dirigiram-se para a fronteira entre a Ucrânia e a Rússia.”

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