Ofensiva russa mata 90 civis, inclusive crianças, e gera manifestação de repúdio das Nações Unidas

Somente a capital Kiev foi alvo de mais de cem mísseis, com duas crianças entre os quatro mortos pela chuva de bombas

A recente ofensiva militar da Rússia, que desde os últimos dias de dezembro intensificou os ataques aéreos contra diversas regiões da Ucrânia, deixou ao menos 90 civis mortos, inclusive crianças. Os dados foram divulgados pela Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos das Nações Unidas na Ucrânia (HRMMU, na sigla em inglês).

De acordo com o órgão, somente a capital Kiev foi alvo de mais de cem mísseis, com duas crianças entre os quatro mortos pela chuva de bombas. Considerando os 12 oblasts ucranianos atacados, a ONU (Organização das Nações Unidas) diz que foram registrados, além dos 90 mortos, 421 civis feridos desde 28 de dezembro.

“A queda de destroços de mísseis interceptados também danificou edifícios residenciais e um supermercado, bem como infraestruturas civis críticas, como subestações de gás e eletricidade. Consequentemente, cinco bairros da cidade ficaram temporariamente sem eletricidade, aquecimento e água”, diz a ONU, referindo-se a Kiev.

Destruição causada por ataque russo contra Kiev, na Ucrânia, janeiro de 2024 (Foto: twitter.com/DefenceU)

De acordo com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a ofensiva ainda atingiu pelo menos oito escolas e dez instalações de cuidados de saúde, incluindo uma maternidade, somente na última semana. “Casas foram destruídas e milhões de crianças começaram o novo ano sob o som de sirenes e bombardeios, aumentando um medo familiar”, afirmou o órgão.

O representante do Unicef na Ucrânia, Munir Mammadzade, afirmou que o “impacto cumulativo das vítimas reportadas, os danos à infraestrutura e os ataques incessantes transformaram o que deveria ser uma temporada de alegria em uma marcada por medo, terror e tristeza.”

Ainda segundo ele, crianças são obrigadas a buscar refúgio em porões, abrigos antiaéreos e estações de metrô, muitas vezes desde as primeiras horas de manhã frias.  Os menores cujas casas são danificadas ou destruídas, ou aqueles cujo acesso a eletricidade, aquecimento e água é interrompido, são um caso especialmente preocupante, pois enfrentam temperaturas que frequentemente chegam a -20º C.

“Nos últimos seis dias, crianças e famílias, bem como a infraestrutura de que dependem, foram atacadas em Dnipro, Lviv, Kharkiv, Kiev, Odessa e outras áreas povoadas”, disse Mammadzade. “Os cidadãos mais jovens da Ucrânia continuam a suportar o peso destes ataques. Nossos sinceros pensamentos estão com todos os afetados.”

Dados divulgados pelo Unicef indicam quase 1,8 mil crianças mortas ou feridas desde o início da guerra na Ucrânia. E o número real tende a ser maior que o deste levantamento, considerando-se os casos que a ONU não foi capaz de confirmar até agora.

De acordo com Kiev, a onda mais dura de ataques ocorreu entre as últimas horas de 28 de dezembro e o início do dia seguinte. Nesse período, a Ucrânia calcula que a Rússia despejou 122 mísseis e 36 drones iranianos modelo Shahed. Na oportunidade, o Ministério da Defesa da Ucrânia classificou a ação de Moscou como “terrorismo“.

Crimes de guerra

O governo da Ucrânia criou um site para registrar as vítimas civis e os crimes de guerra cometidos pelas forças da Rússia somente no conflito iniciado em 2022. No canal, Kiev relata que já morreram mais de dez mil civis e que outros 18,5 mil ficaram feridos, conforme dados atualizados antes da ofensiva iniciada em 28 de dezembro. Entre os mortos estão 513 crianças.

No mesmo site, o governo ucraniano alega que foram documentados 120.301 crimes de guerra cometidos pelas tropas de Moscou. A ONU (Organização das Nações Unidas) costuma endossar as estatística divulgadas pela Ucrânia, com seus boletins esporádicos apresentando dados semelhantes.

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