Países europeus começam a banir símbolos usados pela Rússia na guerra na Ucrânia

Moldávia aprovou uma lei que proíbe a fita de São Jorge e as letras "V" e "Z" se usadas em referência à agressão russa ao vizinho

A presidente da Moldávia, Maia Sandu, aprovou uma lei que proíbe no país o uso o uso de símbolos usados pela Rússia na guerra na Ucrânia. Estão incluídos no veto as letras “Z” e “V”, que têm sido estampadas nos veículos militares russos, e a fita de São Gorge, um símbolo patriótico militar russo nas cores laranja preto. As informações são da rede Radio Free Europe.

Conforme a lei, quem produzir, vestir ou exibir tais símbolos em apoio à agressão russa pode receber multas de pelo menos 900 leus (R$ 224). A letra “Z’ é a que mais se difundiu depois de surgir estampada nos veículos russos na Ucrânia, tornando-se o principal símbolo de apoio a Moscou.

Países europeus começam a banir símbolos usados pela Rússia na guerra na Ucrânia
Maia Sandu, presidente da Moldávia (Foto: reprodução/Facebook)

O ex-presidente moldávio Igor Dodon contestou a medida, acusando a atual mandatária de “lutar contra símbolos em vez de enfrentar a pobreza”. Ele também prometeu organizar um protesto no dia 9 de maio, o Dia da Vitória, data que na Rússia marca a vitória soviética contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

Ao contrário de Dodon, um aliado de Moscou, Sandu já havia deixado clara sua oposição ao Kremlin ao assinar, no mês passado, um pedido para integrar a Moldávia à União Europeia (UE).

Lituânia e Ucrânia

A Lituânia também baniu o “Z”, o “V” e a fita de São Jorge. O texto foi adicionado a uma lei anterior que veta “símbolos de regimes totalitários ou autoritários usados no passado ou atualmente para promover agressões militares, crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos ou perpetrados por eles”. A multa é de até 900 euros (R$ 4,5 mil) para cidadãos e 1,5 mil euros (R$ 7,5 mil) para empresas.

A Ucrânia havia feito o mesmo, proibindo tais símbolos em lugares públicos, roupas, propagandas e redes sociais.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo an. Aquele conflito foi usado por Vladimir Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país.

No início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana, a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos naquela região.

Em meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.

O episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

O jornal The New York Times realizou uma investigação com base em imagens de satélite e associou as mortes em Bucha a tropas russas. As fotos mostram objetos de tamanho compatível com um corpo humano na rua Yablonska, entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Fora do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global. Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, mais de 600 empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.

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