Lituânia treina soldados da Ucrânia para o uso de sistema antimísseis dos EUA

Armamento foi fornecido pelo país báltico ao vizinho em meio ao temor de uma invasão da Rússia ao território ucraniano

A Lituânia enviou tropas à Ucrânia para oferecer treinamento e capacitar os soldados locais a usarem um sistema norte-americano antimísseis, fornecido pelo país báltico ao vizinho em meio ao temor de uma invasão russa a território ucraniano. As informações são do site The Defense Post.

“Apoiamos totalmente, estamos apoiando e continuaremos apoiando a Ucrânia”, disse o chefe militar da Defesa da Lituânia, tenente-general Valdemaras Rupsys, em comunicado. “Armas e tecnologia não são nada sem o conhecimento e a capacidade de usá-las, então compartilharemos nosso conhecimento e experiência”.

O Ministro da Defesa ucraniano Oleksii Reznikov, por sua vez, destacou a aliança entre os dois países, em post no Twitter. “Obrigado ao @LithuanianGovt, povo lituano e pessoalmente ao grande amigo de @a_anusauskas pela ajuda! As relações ucranianas e lituanas são muito próximas e duram muitos séculos. Eu aprecio nossa amizade de séculos e apoio de força um ao outro!”, diz o post.

As tropas lituanas treinarão os soldados ucranianos “nas próximas semanas”, de acordo com as forças armadas da Lituânia. O país báltico é membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e também enviou um contingente para uma missão de treinamento no oeste da Ucrânia.

Sistema de mísseis russo S-75 Dvina (Foto: Wikimedia Commons)

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e segue até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe o governo ucraniano às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com o suporte de Moscou. Em 2021, a situação ficou especialmente delicada, com a ameaça de uma invasão integral da Rússia à Ucrânia.

Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região fronteiriça e compartilha com seus aliados informações de inteligência. Os dados apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiriam um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação de Putin e a adoção das medidas logísticas necessárias.

A inteligência da Ucrânia calcula a presença de mais de 120 mil tropas nas regiões de fronteira, enquanto especialistas calculam que sejam necessárias 175 mil para uma invasão. Já a inteligência dos EUA afirma que um eventual ataque ao país vizinho por parte da Rússia ocorreria pela Crimeia e por Belarus.

Um conflito, porém, não seria tão fácil para Moscou. Isso porque, desde 2014, o Ocidente ajudou a Ucrânia a desenvolver e ampliar suas forças armadas, com fornecimento de armamento, tecnologia e treinamento. Assim, embora Putin negue qualquer intenção de lançar uma ofensiva, se isso ocorrer, as tropas russas enfrentariam um exército ucraniano muito mais capaz de resistir.

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