Países vizinhos da Ucrânia lutam para dar conta do fluxo de refugiados, diz ONU

Até o momento, mais de 2,2 milhões de pessoas fugiram do país. A maioria buscou refúgio na Polônia

O êxodo de milhões de ucranianos após a invasão russa pode sobrecarregar os países vizinhos, alertaram humanitários da ONU (Organização das Nações Unidas) na quarta-feira (9), enquanto a chefe do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) expressou seu horror pela destruição de uma maternidade na cidade costeira de Mariupol, que está sob forte bombardeio há dias.

Até o momento, mais de 2,2 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, de acordo com a ACNUR (Agência de Refugiados da ONU). A maioria encontrou abrigo na Polônia, e mais de 200 mil chegaram à Hungria.

A Eslováquia recebeu mais de 150 mil pessoas de seu vizinho em apuros desde 24 de fevereiro, quando as forças russas começaram a bombardear cidades ucranianas.

Uma mulher olha para sua casa danificada após um bombardeio em Mariupol, no sudeste da Ucrânia (Foto: UNICEF/Evgeniy Maloletka)

Generosidade

Em uma conversa telefônica com o presidente polonês, Andrzej Duda, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse apreciar as boas-vindas estendidas ali a mais de um milhão de refugiados da Ucrânia.

O chefe da ONU “disse ao presidente que fará todo o possível para mobilizar todo o sistema da ONU, em coordenação com a ACNUR, para apoiar a generosidade da Polônia”, disse o porta-voz da ONU Stéphane Dujarric a repórteres em Nova York.

Ele afirmou que Guterres é grato pela “imensa generosidade e solidariedade demonstradas por todos os países” que fazem fronteira com a Ucrânia.

Como parte de seus esforços gerais de mediação para tentar acabar com os combates na Ucrânia, o chefe da ONU também conversou na tarde de quarta-feira com o chanceler alemão Olaf Schultz e com Josep Borrell, alto representante de política externa e de segurança da União Europeia (UE).

As últimas estimativas das agências de ajuda da ONU sugerem que haverá provavelmente quatro milhões de refugiados ao fim da guerra, o que representa cerca de 10% da população da Ucrânia.

Horror na maternidade

A ONU diz acompanhar as informações de que na quarta-feira um ataque russo a um hospital infantil e maternidade na cidade de Mariupol deixou crianças enterradas sob os escombros, segundo autoridades ucranianas.

O atentado não foi verificado de forma independente, mas Dujarric disse que a entidade está investigando com urgência os relatórios “chocantes”.

Ele reiterou o apelo da ONU para a interrupção imediata dos ataques a hospitais, profissionais de saúde e ambulâncias, lembrando que “nenhum deles deve ser um alvo”.

Quaisquer ataques à saúde são uma clara violação do Direito Internacional Humanitário.

Guterres descreveu os relatos do ataque como “horríveis”, observando que os civis estavam pagando “o preço mais alto por uma guerra que não tem nada a ver com eles. Essa violência sem sentido deve parar”.

Em um comunicado, a chefe do Unicef, Catherine Russell, disse estar “horrorizada com o ataque relatado, que teria deixado crianças e mulheres em trabalho de parto enterradas sob os escombros. Ainda não sabemos o número de vítimas, mas tememos o pior”.

“Este ataque, se confirmado, ressalta o terrível preço que esta guerra está cobrando das crianças e famílias da Ucrânia”, acrescentou Russell. “Em menos de duas semanas, pelo menos 37 crianças foram mortas e 50 feridas, enquanto mais de um milhão de crianças fugiram da Ucrânia para países vizinhos.

“Ataques contra civis e infraestrutura civil – incluindo hospitais, sistemas de água e saneamento e escolas – são inconcebíveis e devem parar imediatamente”, disse ela.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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