Um grave incidente ambiental ocorreu no Estreito de Kerch, importante rota marítima que conecta o Mar de Azov ao Mar Negro, após dois petroleiros russos sofrerem danos severos durante uma tempestade. Autoridades russas confirmaram à mídia estatal que cerca de 3,7 mil toneladas de mazut, um derivado pesado e poluente do petróleo, vazaram no mar, desencadeando preocupações globais sobre o impacto no ecossistema marinho da região. As informações são da Associated Press.
Os petroleiros Volgoneft 212 e Volgoneft 239 transportavam um total de 9,2 mil toneladas de óleo combustível de baixa qualidade. Durante as condições climáticas adversas, o Volgoneft 212 encalhou e teve sua proa destruída, levando à morte de um dos 13 tripulantes. O Volgoneft 239 também foi danificado, ficando à deriva antes de encalhar a 80 metros da costa, próximo ao porto de Taman, na região de Krasnodar.
As operações de resgate retiraram as tripulações com vida, mas não impediram o vazamento.

Impacto ambiental
Especialistas alertam para as graves consequências ambientais. Imagens de redes sociais mostram o óleo espalhando-se pelas águas, com manchas negras visíveis entre as ondas. Paul Johnston, dos Laboratórios de Pesquisa do Greenpeace na Universidade de Exeter, afirmou que a contaminação representa uma séria ameaça à biodiversidade da região.
“Se impulsionado pelas correntes e ventos predominantes, o óleo pode alcançar a costa, causando uma incrustação devastadora na linha costeira”, alertou. A limpeza dessas áreas é considerada extremamente difícil e cara.
O vazamento já repercute além das fronteiras russas. Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, classificou o incidente como um “desastre ambiental em larga escala” relacionado ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Ele pediu a imposição de sanções mais rigorosas contra navios petroleiros russos, destacando os impactos trágicos do derramamento nos ecossistemas dos mares de Azov e Negro.
Região sob conflito
O Estreito de Kerch tem sido palco de tensões políticas desde 2014, quando a Rússia anexou a Península da Crimeia. A Ucrânia acusa Moscou de ações ilegais para controlar a área. Em 2021, o estreito foi temporariamente fechado pela Rússia, intensificando os conflitos entre os dois países. Agora, o desastre ambiental acrescenta mais um capítulo à complexa disputa geopolítica na região.
Embora as autoridades russas estejam conduzindo operações para avaliar a extensão do vazamento e mitigar seus danos, organizações ambientais pedem uma resposta mais ampla. O Greenpeace Ucrânia declarou que continuará monitorando a situação, apesar de não operar na Rússia desde 2023, quando foi declarado uma “organização indesejável” pelo governo.