Polícia da Moldávia desmantela grupo pró-Moscou que buscava desestabilizar o país

Segundo as autoridades, objetivo agitação em massa durante um protesto domingo contra o novo governo pró-União Europeia

A polícia da Moldávia disse ter frustrado no domingo (12) uma conspiração de grupos apoiados pela Rússia que foram especialmente treinados para causar distúrbios em massa e estremecer o atual governo, que afastou o país da influência do Kremlin. As informações são da rede Deutsche Welle (DW).

O chefe da polícia da Moldávia, Viorel Cernauteanu, disse em uma coletiva de imprensa que um agente se infiltrou em grupos de cidadãos russos, que receberiam US$ 10 mil para encenar uma “agitação em massa” e assim desestabilizar a ex-república soviética durante um protesto no mesmo dia na capital, Chisinau. A ação tinha como alvo o novo governo pró-Ocidente do país. No total, sete pessoas foram detidas, disse ele.

Separadamente, mais de 50 pessoas foram presas durante confrontos entre a polícia e milhares de manifestantes antigovernamentais, que pedem a renúncia da presidente Maia Sandu, segundo o canal de Telegram das forças policiais moldavas. 

Maia Sandu, presidente da Moldávia (Foto: reprodução/Facebook)

A manifestação do fim de semana, que reuniu cerca de três mil pessoas, foi uma das tantas das últimas semanas que foram organizadas por um grupo autodenominado “Movimento para o Povo”. A entidade é apoiada pelo partido pró-Rússia Shor, detentor de seis representantes no Congresso de 101 assentos do país e liderado pelo oligarca moldavo exilado em Israel Ilan Shor.

Marina Tauber, vice-líder da sigla, disse que entre as pessoas levadas sob custódia estava o presidente honorário do Shor, Valery Klimenko.

Os manifestantes também foram às ruas exigir que o governo cubra totalmente os custos das contas de energia de inverno e “não envolva o país em guerra”. Quatro ameaças de bomba foram registradas pela polícia no domingo (12), incluindo uma no aeroporto internacional da capital.

A polícia de fronteira da Moldávia também disse no domingo que barrou a entrada de um “possível representante” do Wagner Group, a empresa militar privada (PMC, da sigla em inglês) chefiada por Evgeny Prigozhin, empresário aliado do presidente russo Vladimir Putin.

“Os protestos visam a abalar a democracia e a estabilidade” da Moldávia, disse em um post no Facebook a ministra do Interior, Ana Revenco. E acrescentou: “A voz do povo não significa violência e traição ao país. Um aviso aos traidores: eles logo enfrentarão a justiça, não importa quanto dinheiro e ajuda recebam para destruir o nosso país”.

Com uma população de cerca de 2,6 milhões, a Moldávia, vizinha da Ucrânia – e que já recebeu mais de 750 mil refugiados ucranianos, a metade crianças – anteriormente era parte da zona de influência da Rússia, mas agora é governada por autoridades declaradamente simpáticas à União Europeia (UE).

Eleita pelo PAS (Partido de Ação e Solidariedade, em tradução literal) para comandar o país em 2020, Sandu teve que lidar com legisladores majoritariamente voltados ao ex-presidente Igor Dodon, líder do bloco pró-Moscou, devido ao resultado da eleição parlamentar de 2019. Em abril de 2021, ela então dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições, que agora indicam sua soberania dentro da casa.

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