Renúncia de premiê na Moldávia força eleição após derrota pró-Kremlin

Renúncia de parlamentares ocorre um dia antes da posse da nova presidente pró-UE Maia Sandu, eleita em novembro

A renúncia do primeiro-ministro da Moldávia, Ion Chicu, nesta quarta (23), força o país a realizar novas eleições parlamentares após a derrota do pró-Kremlin Igor Dodon em novembro.

Em pronunciamento, Chicu afirmou que tomou a decisão após uma reunião com Dodon e Zinaida Greceanii, líder do parlamento. “Declaramos como prioridade trazer o país de volta ao normal”, disse Chicu, em registro da Radio Free Europe.

O movimento é uma resposta à recente vitória de Maia Sandu à presidência do país. A economista integrou o Banco Mundial e defende um estreitamento de relações entre a ex-nação soviética e a União Europeia.

Renúncia de premiê na Moldávia força eleição após derrota pró-Kremlin
O presidente da Moldávia, Igor Dodon (3º da esq. para a dir.) e Ion Chicu (1º da esq. para a dir.), em pronunciamento na capital da Moldávia, Chisinau, em agosto de 2019 (Foto: WikiCommons/Kremlin)

A renúncia ocorre um dia antes do fim do mandato de Dodon, prevista para esta quinta (24). A expectativa é que Sandu, que toma posse no mesmo dia, nomeie um novo primeiro-ministro após consultar o parlamento.

Há possibilidade, no entanto, de que a saída do governo dissolva o parlamento caso ocorram duas tentativas fracassadas de encontrar um sucessor.

Rumo à instabilidade

Além de ser a primeira mulher a ocupar a presidência da Moldávia, Sandu também inova ao minar as estreitas relações entre a Moldávia e a Rússia, seu principal parceiro regional.

Desde a eleição, a presidente eleita já a retirada das tropas russas na região separatista de Transdniester. O Kremlin, em resposta, alertou que a saída poderia culminar em “séria desestabilização”.

Sandu prometeu o combate à corrupção endêmica do pequeno país ao Leste Europeu de 3,5 milhões de habitantes – uma preferência que desagradou aliados a Dodon.

No dia 3, políticos pró-Kremlin aprovaram um projeto de lei para transferir o controle da inteligência do país – antes com o presidente – ao Parlamento. A medida é vista como uma tentativa de fragmentar o poder de Sandu, já que o Parlamento moldavo, de 101 cadeiras, tem uma maioria de alinhados a Dodon.

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