Polícia russa faz batidas nas casas de jornalistas investigativos

Alvos foram editores do Proekt, que investigam suposto enriquecimento ilícito de ministro russo


A polícia russa fez buscas nesta terça-feira (29) nos apartamentos de três jornalistas investigativos. Os profissionais trabalham para o Proekt, um dos últimos veículos independentes focados em investigações da Rússia. As informações são da rede alemã DW.

Os alvos dos policiais foram as residências do editor-chefe Roman Badanin e da jornalista Maria Zholobova. Durante a ação, o editor-adjunto Mikhail Rubin foi detido e conduzido à casa de seus pais, que também teria sido invadida para buscas.

Polícia russa faz batidas nas casas de jornalistas investigativos
Roman Badanin é fundador e editor-chefe do Proekt (Foto: domínio público)

O fato ocorre às vésperas da publicação de uma reportagem que investiga o suposto enriquecimento do ministro do Interior Vladimir Kolokoltsev, de seu filho e de outros familiares. Segundo o The Guardian, o trabalho jornalístico apurou que os Kolokoltsev teriam acumulado uma fortuna imobiliária no valor de quase 18 milhões de libras esterlinas.

Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, os jornalistas afirmaram que, apesar das batidas, iriam continuar a “publicar de qualquer forma”. Pelo Twitter, o Proekt registrou a ação da polícia:

https://twitter.com/wwwproektmedia/status/1409755027141545988?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1409755027141545988%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.dw.com%2Fen%2Frussia-police-raid-investigative-journalists-homes%2Fa-58090598

Confissões forçadas

Na semana passada, a organização RSF (Repórteres Sem Fronteiras) exortou o fim das confissões forçadas, em especial de jornalistas, pela Rússia e por Belarus. A determinação vem na esteira da prisão do jornalista belarusso Roman Protasevich, em 23 de maio.

Retirado de um voo à força, Pratasevich apareceu em público dez dias após sua detenção e se declarou culpado de “perturbar a ordem pública” nos protestos contrários à sexta reeleição de Aleksander Lukashenko em agosto de 2020. Com os pulsos feridos pelo uso de algemas e abatido, o profissional de 26 anos ainda jurou “respeito incondicional” ao presidente belarusso.

Dos 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, Belarus ocupa o 158º lugar, e a Rússia, o 150º.

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