Polônia descarta exército unificado na Europa, mas defende maior capacidade de defesa

Ministro das Relações Exteriores afirma que a união das Forças Armadas nacionais não ocorrerá, apesar da ameaça russa crescente

A Europa não criará um exército unificado para responder às ameaças da Rússia, disse o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, em entrevista à TV estatal transmitida na noite de sábado (15). A declaração veio após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sugerir a necessidade de uma força militar europeia conjunta para garantir a segurança do continente diante da incerteza sobre o apoio dos Estados Unidos na gestão de Donald Trump. As informações são da agência Reuters.

Sikorski alertou para a complexidade do termo “exército europeu” e disse que a ideia pode ser interpretada de diferentes formas. “Se por isso entendemos a unificação dos exércitos nacionais, isso não acontecerá”, afirmou. No entanto, reforçou seu apoio à ideia de que a União Europeia (UE) deve desenvolver suas próprias capacidades de defesa.

Bandeiras de países membros da União Europeia (Foto: Parlamento Europeu/Flickr)

Atualmente, a UE trabalha na formação de uma brigada reforçada como parte de suas medidas para fortalecer a segurança coletiva. Para Sikorski, essa iniciativa é necessária, especialmente considerando a pressão de Washington para que os aliados europeus assumam maior responsabilidade pela própria defesa.

“Se os EUA querem que intensifiquemos nossa defesa, isso deve incluir um componente nacional e um componente da Otan (Organização do tratado do Atlântico Norte), mas também acredito em um componente da UE, com subsídios para a indústria de defesa para aumentar nossa capacidade de produção, bem como uma força da UE digna de seu nome”, declarou.

O apelo de Zelensky por um exército europeu reflete a crescente preocupação com a estabilidade das alianças ocidentais. Com os Estados Unidos focados em seus próprios desafios internos e na competição estratégica com a China, o papel da Europa na sua própria segurança vem ganhando destaque. O governo ucraniano defende que apenas uma posição militar forte garantirá a continuidade do apoio de Washington.

Mesmo sem a perspectiva de um exército unificado, a UE já está investindo na ampliação de suas capacidades militares conjuntas. Programas de cooperação na indústria de defesa, financiamento para produção de armamentos e treinamento conjunto são algumas das medidas em andamento.

Sikorski também reiterou que não há planos para o envio de tropas polonesas ao território ucraniano, afastando especulações sobre uma eventual intervenção direta. A Polônia tem sido um dos principais apoiadores da Ucrânia, fornecendo armamento e assistência humanitária, mas evita envolvimento direto no conflito.

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