Líderes de França e Polônia discutem o envio de uma força de paz à Ucrânia

Presidente francês propõe presença internacional como garantia de segurança, mas enfrenta resistência de aliados europeus

O presidente da França, Emmanuel Macron, está em Varsóvia nesta quinta-feira (12) para discutir com o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, a possibilidade de uma força de paz internacional na Ucrânia após o fim da guerra com a Rússia. A proposta envolve a mobilização de até 40 mil soldados de diferentes países, segundo informações de fontes diplomáticas citadas pelo site Politico.

Apesar da proposta, autoridades polonesas demonstraram surpresa com a iniciativa, sugerindo que decisões desse tipo deveriam passar por organismos multilaterais como a ONU (Organização das nações Unidas) ou a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa)

“Enviar tropas polonesas só faria sentido em um formato da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)”, afirmou uma autoridade de alto escalão não identificada. Já o ministro da Defesa polonês, Władyslaw Kosiniak-Kamysz, classificou a possibilidade como “fora de questão” no momento.

Presidente francês Emmanuel Macron (Foto: Kremlin/WikiCommons)
Resistências europeias

A ideia de Macron enfrenta resistência não apenas na Polônia. Berlim também tem se mostrado cautelosa. A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, indicou apoio geral à paz, mas ressaltou que a questão requer avaliação cuidadosa. Por outro lado, Friedrich Merz, possível futuro chanceler alemão, considerou “irresponsável” a discussão sobre o envio de tropas alemãs à Ucrânia.

A proposta de Macron também está separada de sua ideia anterior de enviar instrutores militares à Ucrânia. Esta última recebeu algum respaldo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que destacou a necessidade de garantias de segurança enquanto o país ainda não integra a Otan.

O fator Trump

Outro ponto de incerteza é a postura dos Estados Unidos sob uma possível nova administração de Donald Trump, que tem criticado os gastos europeus com a defesa de Kiev e sinalizou que pode reduzir a ajuda militar americana. Ou até reconsiderar a participação dos EUA na Otan.

“Haverá um cessar-fogo imediato e negociações devem começar”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social, reforçando sua intenção de resolver o conflito rapidamente após assumir o cargo.

As declarações de Trump adicionam complexidade ao debate europeu sobre a liderança em questões de segurança no continente. Uma fonte polonesa destacou que o cenário político global ainda está em fluxo e que qualquer decisão significativa só poderá ser tomada após a posse do norte-americano, em janeiro.

Enquanto isso, líderes europeus continuam a explorar alternativas. A chefe da política externa da União Europeia (UE), Kaja Kallas, sugeriu que a presença de soldados da UE na Ucrânia não deveria ser descartada no futuro, embora não tenha manifestado apoio expresso à ideia.

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